Fim de Semana do Prévidi – 6 e 7/8

 O cara ficou só com o pincel.
Aquela velha história: tiraram a escada
Não soube nada, não li em nenhum lugar, mas tenho experiência suficiente em política para saber o que aconteceu no “episódio” do tal rap.
Desde 1973 acompanho essas políticas. Diretamente, como repórter, desde 1980.
Então, me desculpem, não me venham com aulinha de ética de cueca ou de calcinha.
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O que aconteceu com essa “obra” chatíssima de um ilustre desconhecido chamado Tonho Grocco?
Em janeiro deste ano eu estava de férias e somente dava uma olhada nos e-mails. Só queria praia.
Mas basta dar uma rápida olhada no Google para constatar.
No RS Urgente, um site tri-de-esquerda:
Está fazendo sucesso na internet o rap “Gangue da Matriz”, uma realização do Tonho Crocco em “homenagem” aos 36 deputados estaduais do Rio Grande do Sul que votaram o aumento em 73% dos próprios salários.
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Aí o que aconteceu?
Um aspone, de um deputado, ouviu a “ofensa” e espalhou. Rapidinho os caras tomarma conhecimento do tal rap. Claro que foram pra cima do então presidente Giovani Cherini:
– Pô, Cherini, tu viu esse absurdo, o cara tá nos ofendendo!!
E foram, acreditem, sucessivas reclamações até que alguém teve a brilhante ideia:
– Cherini, manda uma reclamação pro Ministério Público. A dona Simone que resolva a bronca.
A dona Simone em questão era a Simone Mariano da Rocha, então chefe do Ministério Público Estadual.
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O processo – ou seja lá como chamem – correu até que reapareceu nessa semana. E no dia 22 vão ter uma audiência. E o tal do Tonho virou em poucas horas uma “celebridade”, dando entrtevistas em rádios e TVs, um “paladino da liberdade de expressão”.
Os deputados “ofendidos”?
Não estão nem aí: “Isso foi coisa do Cherini!!”. E mandaram para Brasília, onde ele reside, uma coleção de pincéis.
Os moralistas de cuecas, que votaram contra o aumento – realmente um absurdo de 73 por cento – estão aí posando de honrados e honestos.

É, honrados e honestos mas continuaram recebendo o AUMENTO DE 73 POR CENTO!!

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Como é fácil ser moralista, ainda mais se o cara foi de esquerda no século passado.
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Essa “música” do tal Tonho tinha que ser proibida, apenas por um motivo:

É MUITO RUIM!! UM NEGÓCIO INTRAGÁVEL!! BURRO!!

O pior é que hoje escutei uma outra “obra” em apoio a “obra do Tonho.
Consegue ser ainda pior, coisa de amador.
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Então tá, estou pronto para levar porrada. Já acostumei.
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Enquanto vocês preparam as porradas, leiam esta música. Chama-se O Meu País.
Quem gravou foi o Zé Ramalho
É uma composição de Livardo Alves, Orlando Tejo e Gilvan Chaves.
Talvez enviem para esse Tonho e amiguinhos, e aprendam um pouco o que é música:

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram – se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país

Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país

Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país

Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio – x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

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