“Eu digo SIM aos Vinhos do Brasil”
O Instituto Brasileiro do Vinho lançou, na sexta, dia 20, a campanha “Eu digo SIM aos Vinhos do Brasil”, que estará em destaque no estande Vinhos do Brasil na ExpoVinis 2012, de 24 a 26 deste mês, em São Paulo. “Quem aprecia os vinhos brasileiros e passar por nosso estande na ExpoVinis será convidado a colocar um botton no peito com a frase ‘Diga SIM aos Vinhos do Brasil’”, explica o gerente de Marketing do Ibravin, Diego Bertolini.
Também foram feitos adesivos para veículos e banners que serão publicados nos sites das vinícolas brasileiras e, pós-ExpoVinis, numa campanha publicitária na internet.
Conforme Bertolini, as vinícolas brasileiras investiram muito nos últimos anos e o resultado foi uma verdadeira transformação – para melhor – na produção nacional de vinhos. O crescimento da qualidade dos vinhos brasileiros é notório e reconhecido por críticos nacionais e internacionais (como Jancis Robinson, Steve Spurrier, Adam Strum, Charles Metcalfe, entre tantos outros). Por isso, o vinho brasileiro já está presente em mais de 3 mil pontos pelo mundo, posicionado nas melhores lojas e restaurantes de diversos país. Os vinhos brasileiros ganharam mais de 2.500 medalhas em concursos internacionais nos últimos anos.
“Mesmo com tamanho reconhecimento pelo mundo, os vinhos nacionais ainda sofrem de certo preconceito dos consumidores no mercado interno. A cada ano, contudo, as barreiras caem. Geralmente após goles dados em degustações às cegas, onde os rótulos não são mostrados aos degustadores”, fala Bertolini. O Brasil está em um momento histórico: precisa decidir se quer ser somente um país importador de vinhos ou se também deseja ter uma produção nacional reconhecida e valorizada. “Eu digo SIM aos Vinhos do Brasil. E você?”, pergunta Bertolini.
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ARTIGO
ESTILO ÚNICO DO NOSSO VINHO
Carlos Paviani*
A diversidade climática e a criatividade do brasileiro, que tem uma capacidade singular de reinventar tudo, levou o País a ter uma vitivinicultura completamente original no mundo. A tradição europeia trazida ao Brasil por milhares de imigrantes italianos no século 19, aliada ao investimento em novas técnicas e inovação, resultou em algo inusitado. Parece óbvio, mas nenhum outro País no mundo possui tanta diversidade em um só território. É por isso que os vinhos brasileiros têm a cara do Brasil.
No Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha, Campanha, Serra do Sudeste e Campos de Cima da Serra) e Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), a produção é semelhante às clássicas regiões vitivinícolas europeias, com uma colheita por ano (no verão) e um período de repouso dos vinhedos (no inverno). No Nordeste, na semiárida região do Vale do São Francisco, nos estados da Bahia e Pernambuco, surgiu uma novidade, as colheitas em meses sucessivos (até duas e meia) durante o ano. Em Santa Catarina, ainda há os vinhos de altitude, desenvolvida em ambiente com temperaturas extremamente baixas, e a possibilidade de colher uvas no gelo. Imagine só, tudo isso no Brasil.
Esta diversidade brasileira só existe aqui, pois quem possui viticultura em clima tropical não têm temperado e frio. Em um só País, vários sabores, aromas e diferentes peculiaridades podem ser encontradas, dependendo da região onde a uva é produzida e o vinho é elaborado. As diferentes características de clima, solo, tipos de uvas, sistemas de produção, vinificação e envelhecimento possibilitam a produção de vinhos com identidades variadas – com a marca da diversidade brasileira.
Mesmo em um país continental, com 4 mil quilômetros de distância entre duas das principais regiões produtoras (Rio Grande do Sul e Vale do São Francisco), o Brasil consegue elaborar vinhos com características diferenciadas, mas com um estilo único – jovens, frescos, frutados e com presença moderada de álcool. Este estilo de vinho combina com a imagem e o modo de vida dos brasileiros, ou seja, aqui há pessoas e vinhos alegres e autênticos. Esta idiossincrasia do Brasil confere um enorme potencial para obtenção de produtos aptos a agradarem os diferentes paladares dos consumidores.
Hoje, a produção de vinho está espalhada por mais de 10 estados e regiões do Brasil. A produção comercial, no entanto, é concentrada em alguns polos específicos, situados nas regiões Sul e Nordeste, onde o vinho ganha importância social e econômica. O Brasil é, atualmente, o 16º produtor mundial de vinho e o 5º maior consumidor do planeta.
A década de 80 representou uma virada na produção de vinho no Brasil. É a partir deste período que começou a ocorrer uma reconversão parcial de vinhedos (troca do sistema latada por espaldeira e variedades americanas por viníferas), base para a elaboração de vinhos finos de alta qualidade. É nesta época que começa uma efetiva modernização profissionalizante dos sistemas de produção e das técnicas enológicas nas vinícolas.
No início do século 21, a atividade passa a ter um foco comercial. Outras regiões passam a ter importância na produção de vinhos no Brasil, como o Vale do São Francisco, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e novas fronteiras no principal polo da vitivinicultura nacional, o Rio Grande do Sul.
A vigorosa expansão na área cultivada e na tecnologia de produção de uvas e de elaboração de vinhos é resultado de um esforço conjunto de produtores, empresários, técnicos, pesquisadores, entre outros. São estes os responsáveis pela inserção crescente de conceitos como zoneamento vitivinícola, indicações geográficas e marcas coletivas como sinais de qualidade, segurança dos alimentos, alimentos funcionais, sustentabilidade ambiental econômica e social, que colocam a atividade em sintonia com as tendências da vitivinicultura mundial, na qual a competitividade é cada vez mais essencial.
O crescimento da qualidade é notório nas duas últimas décadas da produção brasileira de vinhos, com destaque para a elaboração de espumantes reconhecida internacionalmente na Serra Gaúcha. A adaptabilidade, a persistência e o empreendedorismo são características presentes em toda a história da viticultura brasileira. E dão a certeza de que estamos apenas no começo de uma construção que nos dará muitos e bons frutos.
* Carlos Raimundo Paviani, diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin)