NÃO VENHAM QUERER ME ENSINAR
COISAS DE SENTIMENTOS, POR FAVOR!!
Estou cada vez mais sem paciência com moralistas, metidos a esnobes e a aquela figura asquerosa do papai-sabe-tudo. São, na verdade, pobres coitados.
Calma, explico.
Ainda neste mês faleceu um comentarista da Rádio Bandeirantes, o Cláudio Cabral. Foi muito bem noticiado por todos os meios. Várias homenagens justíssimas. Aí um leitor, que, pra variar, não se identificou, me escreve: “nem uma linha sobre o claudio cabral”. Bem assim, no minúsculo.
Esse tipo de provocação chega todo dia, mas não levo a sério.
Confesso que deveria ter escrito alguma coisa. Não o fiz por duas razões: não o conheci e não tinha o costume de ouvir os seus comentários. Sei que o pessoal da Band, e outros colegas, o chamavam de Mestre. Legal. Mas na ocasião acreditei que não faria sentido homenagear alguém que não conhecia e muito menos acompanhava.
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Na sexta de manhã fui acordado com a morte do Paulão. O querido Repórter Paulão.
Uma porrada, mesmo.
Decidi na hora que não iria fazer nada nestes espaços no dia.
Decisão minha e só minha. Ponto.
Motivo?
Passei um bom tempo aqui (alguns anos?) escrevendo que o Paulão era uma das melhores alternativas na TV gaúcha. Primeiro no Canal 20 e depois no 11. Um cara muito engraçado e ÚNICO para tratar com bandidos. Era muito bem relacionado nas polícias. E sabia a linguagem dos pés-de-chinelo.
Elogiava, mesmo, porque só elogio no que acredito. E nem o conhecia – uma vez, estava com o vereador João Bosco Vaz no Brique da Redenção e o Paulão parou uns minutos, falou pelos cotovelos e foi embora.
Bem, aí quando a Band decidiu fazer um noticiário diário local de polícia comecei a torrar a paciência deles para contratarem o Paulão. Não admitia um programa policial sem o Paulão. Ressaltava que ele teria que maneirar um pouco, mas o estilo estava pronto.
Dois chefes da Band chegaram a me ligar para dizer que eu parasse com aquilo, porque não havia a menor chance de contratação. O restante da história vocês já sabem – o sucesso que o cara fazia no vídeo.
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Era uma coisa muito óbvia!! Repórter de terno e gravata para falar com bandido?? Não cola – a única exceção é o Voltaire Porto, que é da Record gaúcha. E olhe lá!!
E o Paulão foi um sucesso e eu me sentia um pouquinho responsável pela sua contratação pela Band.
Pois bem, o cara já estava na Band e eu fui na TV Urbana. Na saída, o Paulão estava conversando com uns amigos. Me chamaram e perguntaram a ele quem eu era.
Ele não sabia.
– É o Prévidi, o cara que mais te dá força!
Bah, ele abriu um sorriso e disse que a sua esposa sempre me lia.
E me deu um abraço que por pouco não me derrubou.
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Viram? Puxei muito o saco de um cara que vi duas vezes, ao vivo. Mas que sempre o assisti, principalmente nas noites de domingo. E sempre estava lá no programa um primo emprestado, o Paulo Ricardo Quadros, oficial da Brigada Militar.
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Já perdi muitas pessoas queridas. Muitas.
As vezes pareço insensível, mas depende do meu estado. Na sexta fiquei mal, sei lá o motivo.
Afinal, era um cara que mal conhecia…
Muita gente me ligou, cobrando algum escrito. No sábado, se não iria no velório e enterro.
E aí durante o final de semana fiquei pensando:
SERÁ QUE EU TINHA QUE SER CÍNICO, COMO VÁRIOS, DIZER OU ESCREVER ALGUMA COISA ADOCICADA PARA PARECER BONZINHO DIANTE DA TRAGÉDIA DO PAULÃO E DO EZEQUIEL??
Ora, podem me classificar de tudo, menos de canalha!!
Muito menos moralista!!
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Culminou que nestes 3 dias recebi vários e-mails desaforados. Claro, de anônimnos e de pessoas que “assinam” um nome qualquer.
Cheguei a publicar um, mas hoje de manhã tirei do ar, de tão ridículo, idiota, mesmo!! Imagino – e até sei – quem é. Uma bichinha raivosa, moralista, como se expressou o Marco Aurélio Souza, meu mais assíduo colaborador.
Iria republicar agora, mas decidi não, porque não vou dar chance para esses babacas (Desculpe!! Otários!!)
–
O Paulão sabia
que era um
dos meus ídolos.
Ah, tenho certeza disso!!