EDUARDO ESCOBAR, SENSACIONAL*
Também lamento muito a morte do Paulão, porque apesar dele utilizar uma fórmula por demais explorada na mídia “mundo cão”, ele era único e inimitável. O pior é que o Paulão, apesar de formado em jornalismo, era considerado “undergroud”, aquela coisa burlesca que não se pode considerar jornalismo. Só depois que entrou pra Band e se firmou no seleto grupo de jornalistas que alcançam o grande público é que a classe começou a “tolerar” a sua maneira de fazer jornalismo.
Pare e pense, Prévidi: se o Paulão tivesse morrido no tempo que seu programa alugava espaço nas redes de pouco alcance e de feitura artesanal, será que a mídia, o corporativismo teria rendido as homenagens e os espaços que deram para noticiar o seu passamento? Claro que não! Haveria até um profundo debate entre os doutos formadores de opinião sobre o real papel do jornalismo “policialesco”, com todos os donos de colunas na grande imprensa emitindo seus pontos de vista.
Paulão foi referência, por muito tempo, do que não se devia fazer, na TV gaúcha, que de vez em quando se vê sacudida pela pressão das classes menos abastadas e que se abre (só um pouquinho) a válvuda de escape de deixa-se a ralé feliz.
Prévidi, com certeza o mainstream televisivo gaúcho perde muito com a morte desta figuraça que era o Paulão. Mas para colaborar: os maiores fãs do Paulão eram os próprios vagabundos. Pode acreditar!
Sabe por quê? Porque não existe sindicato do crime ou ladrão profissional.
Ladrão, quando não tá organizado em gangue, pra fazer uma “caminhada”, não tem corporativismo, é cada um por si, e por incrível que pareça, muitos não concordam com a vida que levam, e o Paulão era a dose de humor, nessa vida distorcida que escolheram. Pode não parecer, mas chinelo também tem princípios de moral, ainda que não os sigam, e é aí que o Paulão fazia a diferença.
Quantas vezes tu não viu o meliante rindo com o repórter da própria situação. E isso lá no cadeião leva os caras à loucura. Ladrão que roda é piada pronta. Pode ter certeza que lá no Central, muito bandido barra pesada deixou correr uma lágrima, pela morte prematura do Paulão.
* Jornalista, morador de Viamão – RS
Prévidi, não consegui diferenciar quem era "polícia" e quem era "ladrão" nesse vídeo! Pareciam colegas de trabalho, seres humanos, divertindo-se, graças ao Paulão!
http://www.youtube.com/watch?v=hK_7S6UgSoI
(Um cara desses é especial demais pra esse mundo tão hipócrita… mas passou aqui bem rápido só p/ deixar a dica)
Um abraço!
Lauro