Desde que o repórter Paulão e o cinegrafista Ezequiel, da Band TV, morreram, em 27 de abril, que estou para escrever isso. Mas, sei lá o motivo, fui adiando.
De lá até ontem fiquei sabendo de mais dois acidentes com pessoal da RBS TV no interior. Graças ao bom Deus, ambos só com danos materiais.
É um problema muito sério, que a Associação Rio-Grandense de Imprensa, Sindicato dos Jornalistas e Radialistas deveriam se dedicar.
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Na década de 70, quando comecei a trabalhar como repórter, saíamos da redação em fuscas ou kombis. Quando eram estas, o motorista ia largando o pessoal e depois buscava todos num determinado lugar. Ninguém reclamava e se dava muita risada. Nas viagens, o chefe da garagem escolhia o melhor fusca e um motorista experiente.
Outra coisa: o repórter fotográfico ou o cinegrafista sempre iam no banco da frente, no caso de precisarem sair rápido do carro, para registar algo inesperado.
Jamais me imaginei dirigindo o carro de um jornal ou rádio. Jamais!!
No caso das TVs era um negócio muito maluco. Numa viagem, além do motorista – sempre!! – ia o repórter, o cinegrafista, o operador de áudio e o iluminador (o pau de luz). Já imaginou? Isso, sim, era uma equipe!
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Há alguns anos – não sei quando começou esta “prática” – as TVs, acredito que por economia, autorizam as viagens apenas com o repórter e o cinegrafista. Nada de motorista. E invariavelmente o cinegrafista faz o papel de motorista.
Os carros? Vai o melhorzinho. Não há nenhuma preocupação com a segurança dos que irão viajar.
E ISSO É UMA REGRA EM TODAS AS TVS!!
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já ouvi vários relatos de jornalistas que se negaram a entrar num carro para viagem. Em muitos casos os caras têm medo de andar com esses veículos até mesmo nas cidades.
No interior, então, o negócio é muito pior!!
Jornalista, em geral, tem muita sorte, mesmo. Nos últimos tempos, a fatalidade pegou o Paulão o Ezequeiel. E o Ezequiel é quem estava dirigindo. Situação igual nos dois acidente ocorridos com pessoal da RBS TV no interior.
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Meu Deus do Céu!!
Repórteres de iamgem deveriam estar atentos apenas em IMAGENS. O cara vê algo interessante e pode pedir para o motorista reduzir a marcha e até mesmo encostar para o registro!! Já imaginou a angústia do cara vendo uma cena digna de registro e não podendo fazer nada, porque está dirigindo?
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Esta economia das emissoras de TV não tem sentido.
O Sindicato dos Jornalistas, Radialistas e Associação Riograndese de Imprensa têm a obrigação de buscar uma solução para esta bronca.
Acredito que poderiam até envolver o delegacia regional do Ministério do Trabalho.
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A campanha?
MOTORISTA JÁ PARA AS EQUIPES DE TV EM TODO O RS!!
Amigo Prévidi,nos velhos e bons tempos cansei de fazer viagens pelo interior do estado e,algumas bem longas,para cidades além das fronteiras gaúchas,em que integrantes da equipe esportiva da Guaíba e operadores de áudio revezavam-se na direção de kombis,cada um percorrendo 100 quilômetros. Em 66,antes da Copa do Mundo,fiquei 45 dias acompanhando a Seleção Brasileira,sempre pilotando uma kombi da Rádio, em revezamento com colegas que,como eu,possuiam carteira de motorista. Mendes Ribeiro,diretor de broadcasting e principal narrador, que tinha medo de viajar de avião,foi o precursor dessas avanturas. Sobrevivemos!