Bom Dia!! Quarta, 26 de setembro de 2012

TEM MUTRETA NESSAS FESTAS!!
AH, PODE APOSTAR QUE TEM!!!!!

São muitas as festas que acontecem todos os anos aqui no RS.
Tudo que é tipo.
Há uns anos pensei em fazer, na Cidade Baixa de Porto Alegre, a Festa Nacional do Xis – aqui, é assim que se escreve cheeseburger. Simples: barraquinhas e mais barraquinhas, numa área da Redenção. Sempre acreditei que ganharia muito dinheiro. Como nas demais festas, conseguiria uma grana do Governo do Estado, da Prefeitura e, quem sabe, alguma coisa do Governo federal. E, para atrair público, contrataria “shows nacionais” para todas as noites do evento. Sucesso de público e uma grana muito legal no bolso.

Claro que isso aí em cima é um exercício de como funcionam essas picaretagens.
Podem ter exceções, mas ninguém vai querer me convencer que todas essas Festas visam a satisfação da população. Essas festas e aquelas “coberturas jornalísticas” no inverno e no verão.
Já pensei até em alugar um espaço em uma TV e/ou rádio para, no inverno, conseguir uma Prefeitura na Serra que banque uma grana legal; no verão, conseguia uma Prefeitura do Litoral Norte, que me garantisse  um veraneio tranquilo.
Hahahahaha!!!
Vocês têm ideia do que custa a transmissão de um programa de TV, “diretamente das areias da praia X”?
São milhares e milhares de reais, pagos à vista.

Agora, vamos à mutreta.
O “administrador municipal” realiza a tal Festa. E contrata a famosa dupla sertaneja Atleta e Treinador, “milhões de CDs vendidos em todo o país e participante fixo do programa Sertanejos do Amor”. Paga uma barbadinha – 250 mil reais. Podem ter certeza, Atleta e Treinador devem ficar com 80, 100 mil reais. No máximo!! O restante fica “para as crianças pobres da cidade”.
Uma Prefeitura paga 100, 150 mil reais para transmitir um programa de TV de uma hora.
Não tenho ideia de quanto é pago de pedágio para os “administradores”.
Mas, podem apostar, pagam!!

Já tinha começado a escrever este texto quando recebo um post do Ruy Gessinger, do http://ruygessinger.blogspot.com.br/.
Olha só:

POLÊMICA EM SANTA CRUZ – OS RUMOS DA OKTOBERFEST
Acho muito salutar quando nas cidades existem vozes críticas. Isso ajuda a realinhar rumos. Não é por nada que Santa Cruz é o que é.
Vamos ao texto de ASTOR WARTCHOW

Oktoberfest?
Um amigo pessoal, inteligente e “viajado”, sempre piadista, cáustico e irônico, dizia que bastava conhecer uma festa popular do interior para saber como seriam as demais. Pura verdade.
O tema e a idéia do artigo me ocorreu ao conhecer a relação das atrações nacionais da próxima Oktoberfest de Santa Cruz do Sul. Bandas de música popular brasileira, roqueiros especialmente, mas também pagodeiros e as clássicas duplas de música sertaneja.
Sem nenhuma pretensão de julgamento ou caracterização de preconceito musical, não parecem ser opções que guardem alguma relação objetiva com uma festa e cultura típica que se pretende seja o centro e a razão da respectiva festa.
Máximo Gorki (1868-1936), poeta e romancista russo, já dizia que “se queres ser universal, fale de tua aldeia”. O também russo Anton Tchekow (1860-1904), médico e escritor, disse algo parecido: “canta a tua aldeia e cantarás ao mundo”.
Há quem diga que essas frases teriam tido inspiração em reflexões do grande filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), que, reza a lenda, nunca teria saído de sua então pequena cidade Königsberg. Mas Kant tornou-se universal.
Até parece que os três escritores estavam dotados de poderes premonitórios e adivinhatórios. Como se já soubessem que o mundo caminhava para a globalização dos negócios e uma pasteurização e padronização sem limites dos hábitos e comportamento humano. 
Como se soubessem que era o momento de destacar o valor das coisas locais, das próprias origens, dos costumes, dos idiomas, dos hábitos, de suas idéias, entre outros aspectos, isso que popular e costumeiramente chamamos de cultura de um povo.
Naturalmente, não preciso falar sobre as origens históricas de povoação e cultura, sobre o que significa a “oktoberfest” e sobre o que se pretenderia com tais iniciativas, ditas de viés sócio-cultural.
Mas observada a prática organizativa e festiva, ano após ano, e, principalmente, o mencionado rol de atrações, cabe perguntar: o que realmente se pretende?
Bater recordes de público e arrecadação, fazer o máximo de shows populares, tornar o município conhecido no mapa estadual, nacional e, quiçá, mundial, fazer muita festa e beber muita cerveja e chope (e quem sabe obter um recorde de consumo em litragem), lotar hotéis e arrecadar tributos, divulgar e vender produtos da indústria local? É isso, mais ou menos? Resumindo, um “festão” para todos os gostos, uma geléia geral? Repito, para quê?
Mas não é, e não deveria ser, uma festa típica, quem tem objetivos muito particulares, especialmente o enaltecimento de uma cultura local e histórica?
Em resumo, e relembrando a introdução e as reflexões dos mencionados escritores, não seria algo para destacar “nossa aldeia e nosso povo”?  Transformar em atração turística, destacar, iluminar e festejar aquilo que realmente é um diferencial histórico no estado e no Brasil? 

Conheço o Astor Wartchow. É um cara inteligente, observador, e muito elegante.
A parte final do texto é brilhante. Um exemplo de elegância para mim – aliás, não tenho nada de elegante.
Acredito que lá no início respondo às perguntas do Astor.
Ou não?

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