UM MERO SUSPEITO QUE A MÍDIA
TORNOU UM CRIMINOSO PERIGOSO!!
É uma história interessante e triste.
Como sou um pessoa normal, e não um estudioso da “Ciência do Direito”, não posso considerar “suspeito” quem revela para as TVs que matou uma pessoa; ou que foi pego num carro com 300 quilos de cocaína; ou que confessa o estupro de crianças; ou que foi filmado traficando crack. Puxa vida, o cara conta que é criminoso e ficam o chamando de “suspeito”!! Claro que tem maluco que diz que cometeu tal crime, mas apenas confessa para “aparecer”. Mas issso são raras exceções, mais em filmes americanos.
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Suspeito, pra mim, é o cara que nega qualquer tipo de crime, mesmo com evidências. Só é criminoso depois do julgamento.
Certo?
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O caso clássico de injustiça é o da Escola Base de São Paulo. Jornais paulistas e especialmente a Veja “condenaram” os donos do colégio, como os responsáveis por abusarem sexualmente dos alunos. A investigação policial comprovou que os diretores e professores não comiam as criancinhas, que era uma armação. Com os processos, os jornais e as revistas enriqueceram aos que haviam condenado.
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Na década de 90 faturava uma grana legal fazendo serviços gráficos. O que não podia fazer terceirizava.
Um dia recebo um telefonema de um cara que queria encomendar um monte de coisas e queria que fosse ao seu escritório.Quando cheguei lá, no dia seguinte, final de tarde, ele mesmo me atendeu. Estava com a impressão de que o conhecia. Pelo que conversamos vi que era só impressão.
Quando acertamos tudo, ele me pergunta:
– Tu estás com a impressão de que me conhece, não?
– Pra te falar a verdade, achei sim que te conhecia. Mas não lembro de onde.
O cara tira uma garrada de Chivas do armário e me pergunta:
– Vamos tomar um couboi? Te conto.
Ele começou a falar e só interrompia para grandes goles da preciosidade.
Eu com cara de bobo.
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A história.
Ele era casado, dois filhos e tinha um excelente emprego em um hotel em Porto Alegre.
Tinha uma namorada, profissional liberal, que morava no Moinhos de Vento.
Pelo menos uma vez por semana passava no final da tarde na casa dela para dar uma namorada.
Um dia, ao chegar lá, estava formado um bafafá danado. Polícia Civil, Brigada Militar, imprensa e muitos curiosos na frente do edifício.
Estranhou tudo aquilo.
Só deixaram ele entrar depois de se identificar. Disse em que apartamento ia.
Chamaram o delegado.
Um policial o apresentou ao delegado:
– Ele quer visitar a vítima do apartamento tal.
O delegado:
– Lamento, mas o senhor vai para a delegacia conosco.
– Por quê?
– A sua amante está morta e o senhor é o único suspeito.
O cara, óbvio, levou um choque.
– Morta? Assassinada?
Pra resumir, a vida do cara virou um inferno. No dia seguinte os jornais detacaram a prisão do “monstro assassino do Moinhos de Vento”. Ele negou sempre o crime, mas a mídia já o tinha julgado: era o autor do assassinato da amante!! Ele preso, e a mulher com os filhos saíram de casa, foi demitido por justa causa.. Conseguiu um advogado que o tirou do Presídio Central.
Naquele dia, um amigo o levou para jantar na Churrascaria Barranco. Quando entrou, o salão ficou em silêncio, olhando para o “monstro assassino”. Quis ir embora mas o amigo não deixou.
– Foi o pior jantar da minha vida.
Passou os piores dias da sua vida no apartamento vazio, sem ninguém.
Um dia desceu para comprar a Zero Hora. Tinha a manchete:
PORTEIRO CONFESSA QUE É
O ASSASSINO DO MOINHOS DE VENTO
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Estava sonhando.
Foi ler a matéria e estava lá toda a história. O porteiro entrou no apartamento da mulher, para fazer um reparo qualquer e tentou estuprá-la. Ela reagiu, começou a gritar, e ele fez o serviço.
O mais curioso é que o porteiro é que denunciou o cara que estava na minha frente!! Disse que ele tinha estado lá!!
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No final da história, o cara quase tinha matado, literalmente, a garrafa de Chivas.
Casualmente, entrou na sala uma bela mulher.
– Essa é a minha esposa, que conheci durante o pesadelo. Foi a única que me apoiou.
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Conheci esse cara há mais ou menos 15 anos. Depois de entregar todo o material, jamais o vi.
Mas deve estar feliz com a grana que ganhou dos jornais, TVs e revistas que o acusaram e o julgaram como o “monstro assassino do Moinhos de Vento”.
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Entenderam a diferença ou tenho que desenhar?