RÁDIO ESPÍRITA EXISTE
MAS POUCOS OUVEM!!
Olídio Von Mitsen Volpato
(Obs: Von MItsen, ET e Batata Pimentão não fazem mais parte do Grupo RBS)
Quando pequeno, havia jurado de pés juntos, para minha mãe, que jamais quebraria uma promessa. Depois, já adolescente, jurei em falso para a namorada.
Hoje adulto, por questões de éticas moral e profissional, jurei que jamais faria crônicas, ou comentários relativos aos meios em que convivo. Sabem como é?! Um simples comentário pode virar “fofoca”. Deus me livre…
Conheci uma celebridade (e vez em quando até converso com ela) que teve um derrame e que em conseqüência disto, ficou-lhe como seqüela deste acidente, o rosto levemente desfigurado.
Como várias pessoas associam esta pessoa ao meio em que convivo parte do dia, não é raro perguntarem-me: “ Tu conheces o fulano?” E quando digo que sim, a seguinte e sempre a próxima pergunta é: “- Mas ele bebe, né?”
– Não, dizem que nunca bebeu – respondia religiosamente da mesma maneira, até que certo dia, cansado e irritado com a mesma rotina, gravei o que sempre dizia em meu celular e quando este questionamento a mim era feito, eu, quase incorporando o Cacique Juruna, ligava o equipamento e reproduzia o áudio.
Um dia, sentado junto com alguns amigos em uma mesa de bar, um senhor que poucas vezes o vira, aproximou-se e a mesma pergunta foi a mim dirigida. Da mesma maneira que passei a proceder desde que comecei a utilizar o recurso do aparelho telefônico, liguei o celular e a questão estava resolvida.
– Que pena! – disse o curioso, cabisbaixo e com a testa franzida – desperdiçar uma cara de gambá daquelas.
O que parece, nem sempre é a realidade. Isto, por vezes pode frustrar as expectativas das pessoas. Fazer o quê? – Poxa! Vão procurar outros para desiludi-los. Parece até que sou o portador de uma má notícia. É incrível vermos a transformação na expressão facial, e em alguns caso até a corporal, ao defrontarem-se com uma negativa de anseios e expectativas.
Por outro lado, como é satisfatório vermos a transformação, não só física, mas também emocional e anímica, ao nos depararmos com depoimentos positivos sobre atividades que julgamos estar exercendo sem que esta fosse percebida, ou ao menos que soubessem de sua existência.
Sou assíduo ouvinte de rádio. Mais do que isto: sou “radiomaníaco”. Tenho mais de doze aparelhos de rádios em casa. Vários modelos, com os mais diversos recursos, desde multi-bandas até digitais de últimas gerações. Ouço todas as rádios locais e várias outras, via plataformas alternativas, de outros estados e até de outros países. Estou sempre procurando novas estações e novos perfis de programas radiofônicos.
Enquanto “durmo” também não me desligo do rádio. Viro-me a noite toda para trocar o auricular de orelha e não machucar-me ao prensá-lo contra o travesseiro.
Hoje pela manhã, em uma parada no zapear das sintonias do rádio, detive-me um pouco mais em uma estação. O apresentador do programa, ao interagir com o seu colega que “entra” diariamente no mesmo horário para fazer seu comentário notou que o mesmo som do “discar” de um telefone que por diversas vezes na semana passada interferira na conversa voltou a importuná-los.
– Olha, acho que tu estás com o telefone grampeado.
– É também acho. Mas é só quando eu falo contigo. Vai ver é alguém que não gosta que falemos mal do governo – tenta esclarecer o comentarista.
– Mas isto é uma vergonha. Só aqui no Bananão mesmo – indigna-se o apresentador.
– Amanhã tenta colocar um equipamento para perturbar o intruso. Esta gentalha… – continua o âncora.
Pensando bem, acho que deveriam dar graças a Deus, por alguém (além de mim) estar ouvindo o que diziam. Isto é sinal que existe audiência, sim, mesmo que muitos não concordem com os índices apresentados por institutos de pesquisas.
Reconheço que nunca fui bom jogador de futebol. Até, para ser sincero, era muito ruim e raramente eu era um dos primeiros a ser escolhido para um time quando se faziam os sorteios dos “com-camisas e os sem-camisas”, para o jogo no meio da rua calçada com paralelepípedo.
Há quase quinze anos, eu fazia parte de uma equipe esportiva (mesmo sem saber absolutamente nada sobre o esporte então coberto: o futebol). Era plantão esportivo e apresentava-me pela pseudo-nome de Renato Boldrini.
Bola rolando. Narrador e repórteres a postos. A TV ligada sem volume. Quase sempre as transmissões eram feitas diante do aparelho (offtube). Eu, com duas rádios-escutas. Era uma delas a anunciar um gol em partidas paralelas e ouvia-se minha voz dizendo: “- Sempre em cima do lance… Tem gol…” e lá ia eu reprisar a informação recém ouvida.
A direção da rádio não disponibilizava verbas para deslocamentos, custos operacionais e nem mesmo para o lanche dos colaboradores e tampouco as empresas e comerciantes se interessavam em serem patrocinadores das jornadas esportivas naquela rádio devido ao perfil da emissora ser religioso e fugir da identificação com seus públicos alvos. Equipamentos eram precários e muitas vezes não funcionavam.
Fiquei impressionado quando, um dia jantando em um restaurante, o proprietário disse-me que havia escutado nossa jornada esportiva.
Meus olhos instantaneamente ficaram radiantes e certo sentimento de euforia tomou conta de mim, até que, para arrasar como um tsunami, veio a fatídica pergunta: – “Alguém mais ouve vocês além de mim?” – foi acachapante o comerciante.
– Acredito que não – respondi – pois até nós que fazemos a jornada não ouvimos, pois não temos equipamentos de retorno e as caixas de som estão com os auto-falantes estragados….
Dá gosto de ler um texto assim, de alguém com paixão pelo rádio. Sucesso pelo caminho, Olídio!
Mas a gente se divertia fazendo aquelas jornadas até o dia que disseram que além de NÃO GANHAR NADA ainda teríamos que VENDER o patrocínio ou em último caso nós próprios adquirí-los.LEMBRAVAS DESSA?????