HOMO JUVENIS
Glauco Fonseca
O Homo Sapiens surgiu há cerca de 300 mil anos. Caçava, vestia-se com peles de outros animais e fabricava artefatos como pontas de flecha e facas rudimentares. Não houve contato entre os Sapiens e os dinossauros que não tenha sido em filmes. Num deles, a maravilhosa Raquel Welch fugia de dinossauros vestindo uma tanguinha feita com algum bicho bem peludo. Nos anos 60, ainda havia quem gostasse de bichos peludos e em alguns países latino-americanos, Homos Sapiens barbudos se uniam tentando estabelecer uma nova ordem mundial. Foi uma época que ainda não acabou. Na América Latina – Brasil incluso – ainda persistem dois fenômenos que assolam a antropogênese: a força social de seres com muito pelo no rosto e sua sinergia inédita com dinossauros, que ainda existem, sim, e com muito vigor.
Faz apenas 13 mil anos que o Homo Sapiens chegou à América do Sul. A partir desta constatação, ficou mais fácil de perceber que nosso jeito de ser não é culpa exclusiva dos irmãos portugueses. Nem o estilo dos Venezuelanos pode ser atribuído a Simon Bolívar ou ao hoje também fossilizado Hugo Chávez. O Homo Sapiens chegou ao Oriente Médio há 70 mil anos e à Europa há 40 mil. Compreende-se, agora mais facilmente, por que acontecia na Europa uma Reforma Protestante, Mona Lisa era retratada por um Leonardo da Vinci, O Príncipe era escrito por um Maquiavel e Cabral chegava por aqui navegando em modernas caravelas, encontrando apenas índios que não plantavam sequer bananas. Se há culpados para o jeitão de ser dos povos latino-americanos, eles são bem mais velhos do que Dom João VI e bem mais vetustos do que os reis católicos espanhóis Fernando e Izabel.
Nosso anacronismo é melhor explicado após uma simples constatação: Somos dezenas de milhares de anos mais jovens do que nossos irmãos Homo Sapiens asiáticos, europeus ou mediterrâneos. Enquanto nossos hermanos da América do Sul arrancavam mandioca (muitos ainda o fazem), seus pares europeus navegavam pelos 7 mares, Jesus Cristo já tinha morrido há mais de 450 anos e as Cruzadas já eram história antiga. Uns pirralhos na estratificação social e antropológica de nossa própria espécie é o que somos. Pelo lado bom, vivemos no chamado Novo Continente; pelo outro, como jovens, ainda somos levados pouco a sério.
Eis-nos Homo juvenis latino-americanos sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindos do interior. Ainda com muito a viver e aprender. Se o grego Eurípedes disse que “Aquele que negligencia o aprendizado em sua juventude, acaba esquecendo de seu passado e encontra mais facilmente a morte no futuro”, nosso nativo Renato Russo rebateu eterno: “Todos os dias quando acordo, Não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo. Temos nosso próprio tempo.
Somos tão jovens.
Astecas, maias e incas possuem uma das mais ricas culturas da história. Suas obras avançadíssimas em arquitetura, engenharia e matemática até hoje provocam debate entre historiadores, fora o alto conhecimento em astronomia e agricultura. O europeu "superior" simplesmente chacinou esses povos para impor a sua catequese cultural. Acabou com uma civilização mais evoluída que a sua em diversos aspectos.
Texto de índio botocudo é assim mesmo, não sabe valorizar-se, prefere sempre exaltar quem não merece, complexo de vira-latas na veia. Glauco, para os próximos textos favor estudar a impessoalidade do verbo fazer quando o mesmo indicar tempo decorrido. Aquele "Fazem apenas 13 mil anos" foi de doer.
Carlos Martins
Machu Picchu, descoberta em 1911, é o exemplo de que os incas eram um povo NADA atrasado. Pode se dizer que foi a único lugar que passou intacto pelos espanhóis devido ao seu difícil acesso, o local fica em uma colina na Cordilheira dos Andes. Arquitetura, engenharia da cidade e sistemas de drenagem são fantásticos para a época, intrigam engenheiros até hoje, pois a cidade nunca desabou com os frequentes temporais que ocorrem na região. Pena que o povo e suas demais cidades foram dizimados pelos espanhóis, por sorte Machu Picchu escapou e permanece como lembrança viva para turistas e viajantes.
Eduardo Hauser
Peço desculpas aos leitores pelo erro involuntário na impessoalidade do verbo, cuja correção já solicitei que o grande Prévidi. De resto, lamento que, a despeito da simplicidade do texto, alguns leitores esforcem-se apenas para não entendê-lo.