JAGUAR E O JORNALISMO BUNDINHA
Não bebe mais |
Ontem, umas chuva chata, fui tentar ler alguma coisa no Facebook. Até que o 3G não me decepcionou.
Li umas linhas do jornalista Márcio Pinheiro, que me fez viajar.
Confira:
Jaguar e o jornalismo:
No meu tempo de redação, de “A Notícia”, eu trabalhava com a garrafa de uísque do meu lado, passava a mão na bunda das moças e dormia em cima da mesa. Hoje é cada um fechado na sua mesa, aquele silêncio total, todo mundo olhando para as telinhas… Fico meio pasmo. Agora, o jornalismo? Sou muito velho. Sou viciado em jornal de papel. Leio três por dia. Gosto de tudo. Dizem que vai acabar, mas não enquanto eu viver.
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Jaguar, Ivan Lessa e Henfil sempre foram os meus ídolos em O Pasquim. Sempre. Ia toda semana na Praça da Alfândega para comprar o hebdomadário. Lia e relia. A página 2 do Ivan Lessa era de colecionar. O Henfil com os Fradim. E o Jaguar tinha a Anta de Tênis, Bóris, o Homem Tronco, o Gastão, o Vomitador. O Sig. Fora os relatos de quando viajava. Escreveu um texto antológico sobre uma visita a destilarias na Escócia. Li e reli umas dez vezes.Muitos anos depois ele me contou que foi com a passagem e o crachá de um amigo (Ruy Castro).
Em 1978, 79, ele e o Fausto Wof vieram a Porto Alegre para relançar O Pasquim, que seria impresso por aqui. “Até agora, O Pasquim era um misto quente frio. Agora, não!! – repetia sem parar. E O Glênio Peres ia ter espaços fixos, não só nas dicas. Eu trabalhava no Diário de Notícias e me escalei para ir na coletiva, no Clube de Cultura, na rua Ramiro Barcelos.
O Fausto já estava completamente bêbado e tomando vodka. O Jaguar, mesmo tomando uísque, era o RP. E o Glênio ao lado. Um negócio completamente surrealista.
Voltei para o jornal, na avenida São Pedro, fiz a matéria e fui para a noite. Se não estou enganado, fui para o Pedrini, na avenida Venâncio Aires. Estavam lá o Glênio e o Jaguar. Me chamaram para a mesa.
Meu Deus, fiquei com a dupla até de manhã. E em todos os lugares em que chegávamos – eu tinha um flamante Opala amarelo 1974 – eram homenagens e mais homenagens e muito uísque.
Depois de uma determinada hora não consigo lembrar de mais nada. Nem sei como larguei o Glênio em casa e o Jaguar no hotel. Não sei, não consigo. Estava muito faceiro – imagina, com o meu ídolo!!! Claro, sempre gostei do Glênio, mas ele estava sempre mais próximo – o via sempre na rua Luiz Afonso, onde morava o seu pai.
Só digo uma coisinha: meus amigos morreram de inveja boa!!!!
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Em 2.000, o primeiro ano da revista Press. Eu era o editor. E o Julio Ribeiro inventou de fazer, de tarde, no dia da primeiro edição do Prêmio Press, um meeting. Um dos convidados era o Jaguar. Claro que me escalei para recepcioná-lo no aeroporto. Nada de táxi, fui de Vectra com motorista. E ele, sentado no banco da frente, logo que o carro se movimentou, tirou de sua pasta uma garrafinha de uísque e me ofereceu. Nem eram 9 horas. E ele matou a garrafinha antes de chegarmos ao Hotel Everest.
E falou o tempo todo, contando histórias e mais histórias.
E eu, babaca, nem tinha um gravador.
Detalhe: lá pelas tantas perguntei se não tinha esquecido a mala.
– Que mala?!! Aqui na minha pasta tenho uma camisa e uma cueca.
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Passei o dia rindo, pra variar. Ele queria ficar em Porto Alegre para festa, mas o voo dele era de “madrugada”. Levei o cara da Assembleia, onde foi o evento, para o Everest. Fomos de braço. E ele me revelou:
– Não consigo beber mais nada!!
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No ano passado ele passou por uma cirurgia seriíssima. Aquela doença que não escrevo o nome, no fígado.
Li uma entrevista dele que resumiu tudo:
– Também, tomei uma piscina olímpica de uísque na minha vida…
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Meu ídolo!!!