A CULTURA DO FERIADO
E O DESPREZO PELO TURISMO
Isto é o que restou do único Belvedere de Porto Alegre (foto Gilberto Simon) |
Existe uma verdadeira fissura por feriado. Tudo é motivo para um feriado.
Até mesmo as greves – professores é um bom exemplo – começam na sexta-feira.
Feriado em dias de jogos da Copa em Porto Alegre?
Ora, meu Deus, dê apenas um bom motivo.
Falam em reduzir o movimento de carros e, com isso, diminuir transtornos no trânsito.
É evidente que o sujeito em casa, coçando, vai pegar a família e dar uma banda pelo Beira-Rio – pelo menos, perto. E aí? Postos de saúde fechados? Ah, por favor, vamos parar com isso!!
Os colégios particulares não vão dar moleza, mas tenho quase certeza de que as escolas públicas vão fechar.
Pô, deixa os funcionários levarem uma TV e acompanhem os jogos trabalhando. Sempre foi assim.
Sei, estão esperando milhares e milhares de visitantes. Ah, bom!!
Já disse no Bom Dia!! de ontem: vejam o filme O Banheiro do Papa.
NO ENTANTO, TENHO (QUASE) CERTEZA DE QUE O PREFEITO FORTUNATI NÃO VAI ANUNCIAR MAIS FERIADOS.
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Boa notícia: nos dias de jogos, os hotéis de Porto Alegre estarão completamente lotados!!
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Há alguns anos que venho tratando do descaso com o Belvedere Ruy Ramos, no Morro Santa Tereza. Aliás, o único de Porto Alegre. O Gilberto Simon – portoimagem.wordpress.com – e eu enchemos o saco muito para que reformassem o belo local, totalmente abandonado.
Torrei tanto a paciência, que uma vez, num evento na Prefeitura, o próprio José Fortunati chamou o então
secretário do Meio Ambiente, Luiz Fernando Záchia, para anunciar a reforma. Mas na função pública as
coisas são muito complicadas…
Pelo que sei, agora, vão fazer uma meia-sola no Belvedere. De repente, vão conseguir brigadianos para patrulhar e a bandidagem não tomar conta.
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Leia este trecho de matéria do Diário Gaúcho, de abril de 2013:
(…)
Conforme a Smam, as obras de revitalização do Belvedere Ruy Ramos integram o projeto Praças e Parques Municipais da Copa 2014.
A reurbanização, com acréscimo de área de cerca de 3.800m², inclui recuperação e ampliação do mirante, complementação do passeio externo de basalto, muretas de granito, execução de escadarias de acesso, cercamento da área de mata e construção de posto policial.
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E a Secretaria de Turismo de Porto Alegre, o que faz?
Nada.
Aí dizem que sou implicante.
Leiam o que escreve o jornalista Políbio Braga, com base em uma pesquisa da Qualidata (tenho a pesquisa na íntegra e posso enviar para quem desejar):
Na pesquisa que fez com 106 formadores de opinião,70% dos quais de Porto Alegre, intitulada “Retrato de Porto Alegre”, a Qualidata constatou que apenas “qualidade de vida” e “cidade hospitaleira”, de um total de 10 itens, lograram resultados positivos para a Capital do RS, sede de uma das séries de jogos da Copa do Mundo.
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Isto significa que o nível de desaprovação foi de 80%.
Eis os itens rejeitados:
– Não há estímulo a passeios e circulação pelas vias públicas.
– Não sabe se divulgar nos outros Estados
– Promoção no exterior não existe
– Inexiste prática de gestão eficiente para os habitantes.
– Idem para os turistas e visitantes
– Porto Alegre não tem visão de futuro.
– Os políticos não se preocupam com o turismo.
– Não existe preparação e meios para receber bem a Copa ou qualquer evento internacional.
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Quando a Qualidata pede aos entrevistados para listar o que acham que a cidade precisa, são encontrados itens como limpeza, infraestrutura, sinalização de ruas, aeroporto, estação rodoviária, segurança, ciclovias, hotelaria, mobilidade urbana.
– Na comparação com outras cidades, Porto Alegre também fica muito mal, e isto que a visão é majoritariamente de porto-alegrenses. Os fatores urbanos são quase todos desmerecidos, como transporte público, aeroporto, calçadas, orla, segurança pública, postos de informação, guias de turismo, parques temáticos, placas de ruas, sinalização, trânsito e estação ferroviária.