ponto do dia
A INCOMPETÊNCIA COMO
RECEITA PARA O SUCESSO
Há mais de 20 anos passei por um pequeno restaurante na Rua da República, em Porto Alegre. Ainda não era 10 da noite e a fome batia célere. Resolvi entrar, porque a porta estava aberta e algumas mesas estavam ocupadas, com pessoas jantando. Sentei, e veio na minha direção um sujeito de cara de pouquíssimos amigos:
– No, estamos encerrados.
Não estava com disposição para bater boca e fui embora. Opções jamais faltaram na Cidade Baixa.
Anos depois, passei por lá, no verão, sentei e pedi uma cerveja:
– No tenemos cerveza.
Não dei bola.
Na saída, olhei para a placa que identificava o lugar e estava lá: Fofa.
Mais um tempo e um amigo me convida para comer “um filé dos deuses”. Ele passou em casa e fomos saborear a iguaria.
Putz, era o tal do restaurante que jamais consegui ser servido!!
Ao entraremos, o castelhano mal-encarado veio na direção do meu amigo e o cumprimentou efusivamente, mesmo com a tradicional cara de bunda.
Realmente, comi muito bem, saborosíssimo filé a parmegiana.
Na saída contei o que havia acontecido comigo nas duas vezes.
– Ah, eles são assim mesmo. Não atendem quem não conhece.
– Mas sempre com aquela cara de pouquíssimos amigos?
– Ele e o marido são assim, sempre de péssimo humor.
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Voltei com meu amigo mais umas três vezes ao Fofa e na segunda o castelhano se dignou a me cumprimentar.
Passadios alguns meses voltei lá para tirar a dúvida. Entrei e ele se lembrou de mim. Esboçou um sorriso.
– Como andas?
Me aceitou. De birra não fiquei para jantar. Fingi que tinha esquecido uma coisa e jamais voltei.
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Passei por lá no final do ano passado e a casa estava em reforma. Me disseram que o casal de uruguaios tinha cansado do restaurante. Estavam em casa, sem fazer nada. Só amando, pensei.
Em mais de 20 anos soube de muitas histórias do restaurante da dupla de mal-humorados. Muita gente importante foi provar os filés dos deuses. Uma das mais curiosas é a do jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. Estava com uma turma de amigos e klá pelas tantas gritou:
– Garçom, garçom, traz mais uma cerveja!
O castelhano virou homem!! Queria partir para cima do famoso, porque não admitia ser chamado de garçom. Amigos do Jabor tiveram que segurar o ofendido. E não teve jeito de aceitar o pedido de desculpas.
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Como justificar que o Lola tenha durado tanto tempo? E a tese de que o atendimento é fundamental? Teses e mais teses vão por água abaixo.
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Lembrei do Lola porque ontem li mais uma sensacional história do fabuloso escritor e advogado Leo Iolovitch, que está no www.olivronanuvem.com.br:
A INCOMPETÊNCIA COMO TÉCNICA DE VENDAS
Os especialistas de vendas costumam afirmar que, a eficiência do garçom é importante para o sucesso de um restaurante.
O Trindade é a prova que, na prática, a teoria pode não funcionar.
Ele era barbeiro de bairro, um fígaro à moda antiga. Seu jeito pacato o tornava benquisto pelos seus clientes, que não eram muitos.
Como ganhava pouco, foi trabalhar à noite. Assumiu como garçom no Bar Paraná, na av. Protásio Alves, que tinha um salão comprido com dez mesas de cada lado, encostadas nas paredes e no centro um corredor que conduzia ao balcão; atrás ficavam a cozinha e os banheiros.
O cardápio era simples e a clientela pouco exigente.
O pessoal se reunia para conversar e tomar chope. Quem estivesse melhor de grana arriscava pedir os pastéis, feitos na hora.
Esse o cenário.
O único garçom era o Trindade. Ia às mesas e tirava o pedido. O chope saía mais rápido e ele logo trazia. A grande questão eram os pastéis. A cozinheira avisava e ele ia buscar, colocava na bandeja e acontecia a grande cena: Ele encarava o salão com aquele seu olhar parvo e opaco e estava escrito na sua fisionomia, que não tinha a menor idéia para quem era o pedido. Tinha esquecido. Isso era sempre. Ele dava até uma breve parada, como se fosse lembrar e, nada…
Então começava sua aventura, bandeja na mão com os pastéis dentro, ia se aproximando das mesas, com o seu ar que era um misto de estupidez e ingenuidade, mostrando os pastéis, sem dizer nada.
Ora, no meio de uma conversa regada a chope, surge um garçom oferecendo pastéis fumegantes, feitos na hora e expostos na bandeja, ninguém recusava e mandava deixar ali. Assim o pedido de uma mesa acabava ficando na outra. Até que, mais tarde, aquele que originalmente pedira os pastéis, diante da demora reclamava:
“Oh Trindade e os meus pastéis”?
Ele não perdia a calma e dizia que era para já. Rumava para a cozinha e pedia mais pastéis.
Deste modo, ao longo da noite ia esquecendo quem havia feito o pedido e acabava entregando em outras mesas.
Nunca na história do Bar Paraná foram vendidos tantos pastéis. A cozinha não parava de trabalhar e sempre o Trindade correndo de mesa em mesa, com a bandeja na mão e seu imperturbável olhar ausente.
Nestes tempos de tantas teorias de vendas e de marketing está aí a história verídica do barbeiro/garçom, que fez enorme sucesso de vendas, graças à sua incapacidade profissional.
Em outras atividades e ramos da vida temos visto alguns trindades fazendo sucesso, a provar que a incompetência e a estupidez têm lá os seus desígnios, que nossa vã filosofia não consegue alcançar…
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ponto radiofônico
MÁRCIO BEYER – Na segunda encerrei meu ciclo de 16 anos na Rádio Guaíba. Um terço da minha vida passei na rua Caldas Jr., 219, centro de Porto Alegre. Fui demitido.
A partir de agora, só digo uma coisa: estou no mercado!
Tenho certeza de que não faltará mercado para o competente Márcio.
SUGESTÃO – Faço, de novo: as chamadas rádios de jornalismo estão devendo aos ouvintes um “novo José Paulo Bisol”. Para quem não viveu na década de 80, Bisol, todos os dias, por volta das 7 e meia, dava uma mensagem de otimismo, daquelas pro cara sair de casa cheio de esperança.
Claro que não pode ser um abobreiro qualquer, especialista em bobagens. E, sim, uma mensagem de otimismo, rápida. Olha, eu era uma gurizão e gostava muito. Só levantava depois de ouvir o Bisol.
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ponto g
BOA ESSA – Até 2016 o Corpo de Bombeiros estará separado da Brigada Militar. Iniciativa do governador Tarso Fernando.
FUNDAMENTAL!! – O Ministério Público do RS já tem um levantamento de árvores que não podem ser cortadas em Porto Alegre. O inventário completo do “patrimônio florístico imune a corte” da Capital foi custeado por uma construtora e realizado pela equipe técnica da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Por terem cortado uma árvore “imune” na Cidade Baixa e para compensar outros danos ambientais, a construtora celebrou um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta com o MP. E ainda custeou o inventário.
Quer saber onde estão estas joias? http://www.mprs.mp.br/ambiente/arvores
EU VOU!! – Amanhã, 19 horas, o jornalista Auber Lopes de Almeida lança no bar Mr. Pickwick, no Shopping Nova Olaria, em Porto Alegre, seu primeiro livro individual, “A Estética da Tristeza”. O livro traz dez crônicas e 65 poesias, em sua maioria, sonetos decassílabos, um gênero literário praticamente abandonado pelos principais autores brasileiros.
Em “A Estética da Tristeza”, ele faz um balanço dos três anos em que sofreu com os efeitos do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Nesse período, Auber estava obcecado pela morte e pela ideia do suicídio, se martirizando constantemente por conta dos erros cometidos no passado, além de não conseguir enxergar com boas perspectivas o próprio futuro. Submetido a um tratamento rigoroso, que incluiu terapia e medicamentos, o jornalista conseguiu curar-se.
O título do livro remete à possibilidade vislumbrada por Auber de transformar sofrimento em arte, tristeza em poesia, dor em prazer. O projeto gráfico é da Editora Gazeta, de Santa Cruz do Sul.
SENSACIONAL – Mais uma vez, o comentarista do SBT, Luiz Carlos Prates, surpreende, dizendo que vai se vestir de azul, dos pés a cabeça, e torcer pelo Uruguai. Veja:
VINHOS E AFINS – No primeiro quadrimestre de 2014, a Miolo obteve um crescimento de 375% no faturamento de suas exportações com relação ao mesmo período do ano passado, o que corresponde a US$ 1,8 milhão comercializado. A expectativa de fechamento do semestre é de um faturamento de US$ 2,5 milhões.
Na próxima segunda, dia 9, a Miolo será agraciada novamente com o Prêmio Exportação RS, concedido pela ADVB/RS, na categoria Destaque Setorial – Vinho.
DO FACEBOOK – HOJE EM ZH a Mafalda foi identificada como ‘adolescente’. A burrice realmente poderia ser uma fonte de energia inesgotável se fosse inventada uma forma de usá-la.
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ponto da piadinha
Uma loira se candidata ao cargo de auxiliar de delegado. O delegado pergunta na entrevista:
– Quanto é 1 e 1?
– Onze – responde a loira.
Não era exatamente a resposta que o delegado queria, mas ele reconhece que a garota tem razão. E segue a entrevista:
– Quais são os dois meses do ano que começam com a letra “m”?
– Mês que vem e mês passado.
Irritado com a raciocínio da loira, o delegado lança um desafio:
– Quem matou Getúlio Vargas?
– Não sei.
– Bom, vá para casa e tente descobrir – diz o delegado, satisfeito por tê-la frustado.
Chegando em casa, a mãe da loira pergunta:
– Como foi lá na delegacia, minha filha?
A loira responde:
– A entrevista foi ótima! Primeiro dia de trabalho e já estou investigando um homicídio!
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ponto final
A jornalista Fernanda Rosito, da FR Comunicação Empresarial, está prestando assessoria de imprensa para a Record RS.
Contatos pelo (51) 3333-0871.
O mau humor do uruguaio do Lola fez história. Lembro das plaquinhas de reservado em meio a um punhado de mesas vazias, que passavam a noite sem serem ocupadas. Mas o desgraçado do castelhano era um cozinheiro de mão cheia. Fazia um dos melhores carreteiros da capital. Só não sabia que era gay. Brabo como só, gostaria de ter conhecido o seu companheiro. Devia ser muito valente ou uma uva.
Não entendo a Guaíba. Contratam Nando Gross e investem mais no Esporte. Aí, continuam demitindo pessoal. Qual é o sentido?
O nome não é Fofa? Quase na José do Patrocínio. Também era um castelhano que comandava e a cara também era de bunda.