SOBRE OS 130 DA RBS
Cássia Zanon (post no Facebook)
Uma amiga minha me questionou Inbox por que eu estou tão em polvorosa com o que está acontecendo na RBS, empresa onde trabalhei por 15 anos, conheci meu marido, fiz muitos amigos e cresci pessoal e profissionalmente. “Esquece isso, desapega, vai curtir a tua vida de tradutora”, ela me disse.
Realmente, a minha vida profissional não tem mais nenhum vínculo com a RBS. Nem precisará ter – a não ser, claro, que o Duda decida diversificar com uma agência de traduções e comprar TODOS os clientes para os quais eu trabalho hoje. Só que eu não consigo não me envolver emocionalmente com isso. E comentando um outro post, eu me dei conta de por quê.
O problema não é demitir. Isso faz parte do jogo. O problema é a esquizofrenia de fazer uma nota (para o publico? o mercado? os profissionais?) dizendo que a empresa vai demitir porque vai superbem, obrigada e falar em “desapego” e coisas “que não agregam”. É um equívoco de comunicação de uma empresa de comunicação… E avisar com dois dias de antecedência não é transparência, é terrorismo.
“Ah, mas é uma empresa privada. Pode fazer o que quiser.” Será mesmo? Da forma como se constitui, não creio que a RBS seja 100% privada, porque depende de diversas concessões públicas pra funcionar. Dessa forma, precisa, sim, dar satisfações sobre o que faz.
Como ex-funcionária, eu lamento o desmantelamento da estrutura dessa maneira como estamos vendo, tudo maquiado com um discurso de modernidade e inovação de quem fez cursinho pago pelos pais em Harvard. Como cidadã gaúcha, eu lamento que a empresa que tenha feito um esforço tão grande para ser monopólio da comunicação (serviço de utilidade pública) esteja abrindo mão de executar esse papel com qualidade.
E, o MAIS IMPORTANTE: isso não quer dizer que eu desqualifique o trabalho dos colegas e amigos que seguem dentro da empresa. Pelo contrário. Significa que eu lamento a sobrecarga (ainda maior) que os que ficam terão que carregar nos ombros pelos próximos tempos sem saber se não serão eles os próximos a serem “desapegados”.
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– Eduardo Nunes não é mais repórter do Zero Hora.
Jornal é concessão pública? Não sei onde!
Claro que lamentamos as demissões, mas não podemos esquecer de que se trata de uma empresa PRIVADA! Se os jornais não dão lucro, demissões são normais!
Muito blablablá, muito mimimi…
taí o depoimento de uma vencedora.. #sqn
Concordo inteiramente com a autora do texto. Lamento muito o que está acontecendo com a profissão/profissionais e com a mentalidade das empresas de Comunicação. Li o comentário de alguém que não é da área, mas leu a carta dos 130 : "Que coisa impressionante…é para mostrar que eles não têm sequer respeito pela palavra escrita!!
Deixar assim, registrada "forévis", a desfaçatez e a desumanidade das relações de trabalho na empresa é a declaração pública "o lucro máximo, acima de tudo!"…
A mídia está se tornando negócio de apoio do Grupo!! O sonho deles deve ser se tornar, logo que possível, um banco!!! ". Lamentável , triste demais.
Emma
É muito simples, gente, ninguém vai fazer uma carta ao público e dizer: quebramos. A empresa privada corta custos e segue em frente. Agora, aos indignados, que não trabalham lá, sugiro a criação de uma conta e os indignados depositam valores para manter esses demitidos. Que acham?
Não precisam dizer "quebramos", mas falar que a empresa está num ótimo momento e demitir 130 parece (é) deboche! Assim, como o tom que você usou para se referir aos "indignados".
E não se trata só dos empregos, mas dos jornais que estão cada vez piores, textos medíocres, erros constantes… E vai piorar ainda mais. O Grupo vende essencialmente o quê? Informação ou vinhos ? Enxugaram justamente o segmento mais importante, manchando o padrão de qualidade que já possuíram no passado. Enfim, cada um sabe o que faz com o seu nome.
A mídia impressa não é uma concessão, mas as mídias televisivas e radiofõnicas, espalhadas por RS e SC são concessões públicas, sim senhor! Quanto ao lucro, é muito fácil resgatar fundos de empresas sadias para aventuras e jogatina no mercado de ações e se "startups", como gostam de dizer os empresários do Toddynho.
Já dizia meu finado pai:
"Pais trabalhadores, filhos ricos, netos pobres…"
Canais de rádio e TV são concessões públicas.
Mas e daí que são concessões públicas? Toda vez que tentam regulamentar alguma coisa, a fim de proteger os trabalhadores e o próprio público da ambição desmedida desses empresários, começa o discurso de censura. Eu larguei de mão. Onde que a RBS não dá lucro? No interior, só existe ela! Há três Pampas, a Nativa de Pelotas, mas não chegam nem aos pés. No caso dessas, sem programação, sem anunciantes… Mas dizer que uma afiliada da Globo sem concorrência vai demitir 130 pessoas assim, para mim é muito. Não importa de onde sairão os demitidos. É inaceitável.
Enquanto isto estão gastando MILHÕES com outras plataformas e contratando off site pessoas sem qualificação para as redações terceirizadas.Isto ninguem falou…