FIM DE SEMANA DO PRÉVIDI – 3-4/maio 2014

A SOBERBA DA IMPRENSA BRASILEIRA

Não reconhece seus erros

Não podemos esquecer o mais triste episódio da imprensa brasileira: o Caso da Escola Base, de São Paulo.
Uma das maiores injustiças, patrocinada pela imensa maioria dos veículos nacionais.
Vale a pena ler o que o Comunique-se publicou:

Alvo de “barriga” da mídia,
dono da Escola Base morre vítima de infarto

Vítima, pela segunda vez, de infarto, Icushiro Shimada morreu no último mês. Dono da Escola Base, localizada em São Paulo, ele e outras seis pessoas, incluindo sua mulher, Maria Aparecida Shimada, foram acusadas de pedofilia, caso que ganhou espaço em jornais, rádios e televisões do país inteiro. Um mês depois, as investigações mostraram que os envolvidos eram inocentes e que tudo não se passava de uma série de erros.
Neste ano, o Caso Escola Base completou 20 anos. À época, os seis acusados de abuso sexual às crianças durante o horário de aula foram ameaçados e tiveram suas casas depredadas. A escola também foi destruída. O delegado que cuidava do caso, mesmo sem provas, chegou a determinar a prisão dos envolvidos.

A imprensa cobriu o caso durante dias e embarcou no erro. De acordo com o advogado Kalil Rocha Abdalla, que confirmou a morte de Icushiro, diversos processos por perdas e danos foram abertos. Alguns veículos de comunicação foram condenados, mas o dono da escola ainda aguardava o pagamento de algumas indenizações. Em 2007, Maria Aparecida morreu vítima de câncer.

Relato do jornalista
que não caiu no erro da mídia

Durante mais de uma semana, o repórter deixava a redação e ia para o local onde funcionava a Escola Base. Entrevistou os principais personagens envolvidos numa história que horrorizou o país na década de 1990. Na época, profissional do Diário Popular, o jornalista escreveu, evidentemente, mas não publicou sequer uma linha sobre o assunto. Após 20 anos, o Comunique-se foi em busca de Antônio Carlos Silveira para descobrir como ele fez para não cair no erro que marcou a história da imprensa brasileira. “No próprio jornal, fomos (o jornalista e a direção) criticados por ter ‘perdido o furo'”.
Após a denúncia da mãe de um dos alunos da escola infantil, Silveira foi o primeiro jornalista a saber do caso. Era comum, segundo ele, conseguir informações exclusivas na época. “O delegado que ouviu a denúncia se sentia em ‘débito’ comigo por causa da apuração de outra reportagem. Acredito que, por isso, ele me ligou. Consegui chegar ao local antes de todos e daria a matéria sozinho”. Foi ao conversar com o dono da escola, Icushiro Shimada, que Silveira desconfiou. “Quem é acusado de um crime desses não dá entrevista. A pessoa foge, coloca o advogado na frente, mas não fala. Shimada me recebeu junto de sua esposa, abriu a escola, contou como era o trabalho e disse que era absurda a acusação”.

Veja, abaixo, os detalhes sobre a apuração de Silveira e como foi a decisão de não publicar os textos enquanto todos os veículos falavam do assunto:

Denúncia
O Diário Popular tinha excelente equipe de reportagem policial. Quando recebi a denúncia, fui para o local. Falei com diversos personagens, com o delegado, as pessoas que estavam lá, os donos da escola. Na rua, os grupos se formavam com pessoas que acusavam e outras que defendiam os educadores. Lá mesmo pude ouvir gente falando que tudo não passava de invenção das crianças. Toquei a campainha do colégio, pedi para entrar e os donos me receberam bem. Quem é acusado de um crime desses não dá entrevista. A pessoa foge, coloca o advogado na frente, mas não fala. Shimada me recebeu junto de sua esposa, abriu a escola, contou como era o trabalho e disse que era absurda a acusação.

Não publicaremos!
Naquela época, quem comandava a redação era o Jorge Miranda Jordão. Ele tinha uma filosofia de vida e não gostava de publicar matérias sobre suicídio – por acreditar que poderia incentivar outras pessoas – e sobre violência contra a criança. Toda vez que a pauta tinha esses dois ganchos, a redação já ficava atenta. Mas, claro, o caso da Escola Base era diferente, tinha muito apelo social e por isso fui cobrir. Quando voltei à redação, conversei com os diretores e editores. Eles me perguntaram qual era a matéria e eu disse que a situação era muito complicada pois não havia nenhum tipo de prova de que as crianças teriam sido vítimas de abuso sexual. Tinha gente dizendo que era verdade e gente dizendo que era mentira. Era apenas isso que tínhamos.
Os diretores foram conversar e eu escrevi a matéria contando o caso. Era um texto de quase 40 linhas explicando todos os pontos e deixando claro que, embora tivesse o boletim de ocorrência, não havia prova. A decisão de não publicar foi do diretor, mas eu tinha, como repórter, a obrigação de escrever, mesmo sabendo que estava tudo muito estranho. Deixei nas mãos do Miranda e, no dia seguinte, quando olhei o jornal, percebi que não tinha saído. Fiquei tranquilo. Parte da redação do Diário dizia que tinha sido uma boa atitude, outra criticava muito por ter perdido a chance de dar “furo sensacional”. Naquele momento não era possível mensurar se estávamos certos ou errados. Tínhamos fotos, informações exclusivas e detalhes, mas não demos.
A única coisa que publicamos sobre o assunto foi uma carta de um leitor dizendo que o impresso era vendido e por isso não falou sobre o assunto. As coisas ficaram graves, destruíram a escola e eu acompanhei tudo ‘n loco, deixei matérias prontas sobre tudo que presenciei. Mas o Miranda afirmou que não fazia sentido publicar e manteve a decisão. Quando se tem um cargo como o dele, é difícil avaliar se as atitudes são corretas. É complicado, a direção mesmo se questionou sobre isso. O Miranda acertou, sobretudo, por seu posicionamento de não gostar de pautas com violência contra crianças.

Todos no mesmo barco
A história era muito boa. Tudo começa com o repórter. Quando ele tem contato com algo de tal gravidade ele quer falar, fazer a reportagem, publicar antes da concorrência, considerando que na década de 1990 as redações tinham grandes repórteres policiais, como Percival de Souza. Hoje, ninguém consegue dar furo, a internet é muito rápida. Mas antes, embora tivesse essa disputa, era possível. Neste caso, as matérias da época eram desproporcionais. A acusação tinha muito mais espaço do que a defesa. Mas, isso não é algo muito claro para o repórter, que está sujeito a uma série de coisas, como influências por parte dos chefes, das fontes e mesmo pelo desejo de ser reconhecido por ter coberto um grande caso. Isso é bastante complexo.

Erramos?
A imprensa não reconhece seus erros.
Quando os repórteres começaram a perceber que havia algo de estranho, que aquilo era mentira, os veículos fingiram que nada tinha acontecido e passaram a dar matérias ressaltando o outro lado, que era o da defesa. A imprensa conserta na surdina e não faz mea culpa. Ainda hoje é assim! As empresas de comunicação detonam as pessoas e quando percebem que erraram apenas ficam quietas. Temos casos recentes que fizeram isso. Existe temor grande na imprensa, atualmente, pois muitos jornalistas com bagagem estão afastados, trabalhando em assessoria.
Os novatos que estão no mercado estão carentes de referência, fazem jornalismo na raça, com equipes reduzidas. Hoje, o Diário de S. Paulo, que era o antigo Diário Popular, não consegue se consertar, não está mais entre os grandes e quem era da equipe de polícia na época já não existe mais. Se você olhar para o Estadão, tem repórter da década de 1990 lá!

Qual foi o aprendizado?
O fato de o Diário não ter cometido o erro de publicar o caso Escola Base não me fez mais, nem menos, repórter. O jornalista ganha muito reconhecimento com o furo, mas nunca é reconhecido pela matéria que não fez. Se eu tivesse publicado e fosse um furo histórico, talvez eu tivesse sido contratado por uma grande redação para ganhar um salário melhor. Mas, no final, não me trouxe nenhum ganho. Trabalhei por 11 anos no jornal, fui demitido com a desculpa de que meu salário era muito alto. A opção que eu tinha para pagar as contas era trabalhar com assessoria, área em que atuo até hoje. Pensei em voltar para a redação, mas trabalhar na imprensa requer pensar muito bem no que vão te oferecer!

Sexta, 2 de maio de 2014 – parte 3

O San Lorenzo é o time do Papa,
mas parece que o Cuiabá é o time do pajé.
Do advogado Leo Iolovitch

A NOVA ZERO HORA. OU O ZH?

Não tive o trabalho de ir buscar na banca a Zero Hora de ontem.
Mas estava curioso para ver as anunciadas novidades.
Primeiro, dei uma olhada na online. Incrível, nenhuma babada! Tiveram o cuidado de revisar o que está publicado. Assim, sem me dedicar muito, me pareceu um site de futilidades. Não dá a ideia de “jornal”.
Tem que dar um desconto, porque toda mudança as pessoas sempre estranham.

Aí fui conferir a edição impressa.

Estranho isso, não? O nome, agora, é ZH? O ZH?
Como escreveu um amigo:
As cores lembram muito as escavadeiras Caterpilar.
Dei uma olhada rápida e nada me chamou a atenção. Não, não me venham com o papinho que sou implicante. Não me chamou a atenção, mesmo, só aquele monte de anúncios do próprio nas primeiras páginas.
Recebo este comentário:
Tenho dúvida qual a notícia que mais é repetida ao longo do tempo na nossa imprensa, destaco duas:
1) A abundância de oferta de peixe na semana santa e
2) Que foram servidos vinhos do RS em recepção no Planalto ou Itamaraty.
Pois na edição de hoje a Rosane Oliveira publicou uma sobre os vinhos… Inacreditável. No dia do SUPOSTO jornal moderno, uma notícia ao velho estilo da falta de originalidade.

No Facebook destaco dois comentários de profissionais que respeito:

Do jornalista e professor Tibério Vargas Ramos:
Tiro no pé
Reforma da Zero Hora de hoje começa com a negação do nome. Me chamem de Zé, ou melhor, ZH. Continua sem manchete. Cem anos atrás descobriram que a caixa baixa é mais legível. Caixa alta e espaços em branco podem ser usados como valor estético para quebrar a monotonia e valorizar reportagens especiais. Os claros indiscriminados e o corpo maior só tiraram espaço do texto. Partem do pressuposto de que seu leitor é um idiota que só quer saber de novidades na internet. Todas as informações estão misturadas em uma gigante salada de frutas, chamada Notícias. Os jornais foram divididos em editorias para orientar a leitura e remeter o leitor a suas áreas de interesse, como política, economia, mundo, polícia. Viva a não leitura!

Do jornalista Emanuel Mattos:
Com o novo projeto gráfico da Zero Hora, o leitor daquele jornal ficou completamente perdido. Como diz a Madre Superiora: – O ônus de quem cria é escorregar na banana!
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ZH.COM E A RELEVÂNCIA DE SEMPRE

ao vivo

Acompanhe o treino do Grêmio

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O NOVO CORREIO DO POVO

Também conferi através do site.
Chama a atenção um detalhe: as notícias não estão tão espremidas como antes. Mais arejado.
Mais fácil de ler.
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CADA VEZ MAIS SUSPEITOS

Hoje, escuto nas rádios que “…bovinos, suspeitos de vaca louca, …”.
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O LIXO DO DMLU

Hoje é dia de desova do tal lixo seco na minha rua.
Segundas e sextas.
Pouco depois das 8 horas as pessoas agradecem aos deuses por livrar as áreas de serviço dessa tralha.
Não demora muito começam a chegar “os ladrões de lixo seco”, de carrinhos e de Kombis.
Levam a imensa maioria.
Aí os “executivos” do DMLU dizem que a população não colabora.
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QUERO BOLSA FAMÍLIA!!

Recebo hoje:
Folha salarial de maio terá reajuste de 6,5% para professores e funcionários de escola

Ontem, 1º de maio, Dia do Trabalhador:
Dilma anuncia aumento de 10% no Bolsa Família
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GOSTEI

Respeito alguns vereadores e vereadoras de Porto Alegre. Gosto mesmo do trabalho que realizam.
Mas não são muitos, porque tem muitos brasinhas.

Ontem conheci a vereadora Any Ortiz, do PPS. Seis mil votos. É mole?
Gostei da sua disposição, da garra e das opiniões.
Concorre a deputada estadual.

Te cuida, Paulo Odone!!
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CÁ ENTRE NÓS

Que cara de arrogante tem esse José Genoíno, hein?
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PIADINHA

Sexta, 2 de maio de 2014 – parte 2

DIREITO DE RESPOSTA

Recebo uma manifestação do Mago Julio Ribeiro – seguidor do Mago Wianey Carlet – sobre o “Bom Dia!! Sexta, 2 de maio de 2014”.

Citado que fui por esse prestigiado blog, gostaria de usar o meu direito de resposta e ver publicada a minha seguinte manifestação:
“Como responder a um botafoguense travestido de colorado?
A um carioca travestido de portoalegrense, mas que adora mesmo é Montevideo?
A um sujeito que acha um arrabalde de Tramandaí a melhor praia do mundo?
A um sujeito que tem nojinho de comer galinha ou peixe, mas acha Miojo uma maravilha?
Só tem uma coisa possível de dizer a um sujeito desses: VAI CHUPAR UM CARPIM SUJO!!.
E tenho dito!
JULIO RIBEIRO

Sexta, 2 de maio de 2014

O ASSASSINATO DO FABIANO CARDOSO.

(O SUSPEITO NÃO MERECE
A PENA DE MORTE INFORMAL?)

Ontem participei do programa Pampa Debates, do Paulo Sérgio Pinto. Lá pelas tantas, ele me pergunta:
– Prévidi, o que tu achas da pena de morte para casos como esse, do menino Bernardo?
Bah, me pegou. Não sabia o que falar, mas saí pela tangente – afinal, essa Justiça, tão falha, poderia cometer muitas barbaridades com a pena de morte legalizada.
Hoje, escuto no rádio que o jornalista Fabiano Cardoso havia sido morto por dois assaltantes, que queriam o seu carro. Em Canoas. Na hora não caiu a ficha. O nome não era estranho, mas era “mais um” que tinha dançado para um “suspeito”, depois de um “suposto” assalto.
Entrei no Facebook e aí tinha um monte de mensagens me avisando da tragédia.
Vi a foto do rosto dele e me deu até uma dor no peito (já escrevi, quando da morte do amigo e jornalista Adão Oliveira, que não tenho mais saúde para estas notícias).
Não quis acreditar que era o Fabiano que imaginei na hora. Fui atrás de uma de nossas reuniões da Confraria do Cachorro Quente. A foto é horrível, desfocada, mas lá estava ele.

Ele aí, de camisa preta, do lado direito. Na sua frente o amigo e colega de Prefeitura Caco Belmonte.

Puta merda. O Fabiano assassinado.
Fui pra sacada e me lembrei do que conversamos, do que rimos.
Mas fiquei mesmo matutando sobre o que me perguntou o Paulo Sérgio Pinto, sobre a pena de morte.
O que temos que fazer com os assassinos dos Fabianos?
Ressocializar? Conta outra.

Fui ler o que estava postado no Facebook.
Registro estes dois.

Caco Belmonte
Difícil falar no calor do momento. Não quero prisões, não quero Justiça formal. Eu quero fígados! E cada vez mais dou razão aos Vingadores. “Atire antes, pergunte depois.” Querem saber como é? Não faço a menor ideia. Hoje, daqui a pouquíssimas horas, quando chegar no meu local de trabalho, vou encontrar a mesa do Fabiano Cardoso vazia. Em cima dela, verei a foto do filho caçula, órfão da violência. E o pior de tudo em minha lembrança: véspera do feriado, ouvi ele conversando com sua mãe ao telefone. Imagino que deve ter sido a última conversa entre mãe e filho. “Véia, tô com saudades de ti.” Vai em paz, meu irmão!

Luciamem Winck
Quero ver se algum defensor dos direitos humanos vai amparar a família do Fabiano Cardoso… Ah, claro que não…. Ele não era marginal e não foi “vítima” de um PM louco por justiça… Ah, com certeza não irão sequer no velório amparar a viúva e os filhos…

EU QUERO FÍGADOS!!, grita o Caco.
Vou além, Caco.
SÓ UMA ALTERNATIVA PARA ESSES ASSASSINOS:A MORTE. NÃO MERECEM VIVER!!
MAS NADA DE JUSTIÇA FORMAL, PORQUE QUALQUER ADVOGADO TIRA BANDIDO DA CADEIA EM POUCO TEMPO.
JUSTIÇA INFORMAL!!
ISTO, FORMIGAS NA BOCA!!

Exagero? Pode ser, porque estou escrevendo isso agora, logo depois de saber da tragédia.
Mas, meu Deus, o Fabiano tinha 44 anos, casado e dois filhos. Trabalhava na Prefeitura de Porto Alegre.
Fazer o quê com as pessoas que o mataram?