Sexta, 1º de dezembro de 2017

Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu





SITE/BLOG DO PRÉVIDI: HÁ 14 ANOS
INCOMODANDO CHATOS, 
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(E CANALHAS)

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O MITO GAUDÉRIO

Publiquei estes textos de 30 de junho a 4 de julho de 2014.
Atualíssimo, justamente quando, mais uma vez, o PT insiste em tê-lo como candidato.
Não modifico uma vírgula.

OLÍVIO, O BOM HOMEM. POLÍTICO MANIPULADO.
SERÁ QUE PODE EXISTIR UM BOM FANTOCHE?

1

Antes que petistas despirocados comecem a enviar comentários anônimos escrevo com a maior tranquilidade que ajudei bastante para que o líder sindical Olívio Dutra tivesse um início de carreira política promissora. No início dos anos 80, quando sindicalistas começaram a criar o PT, eu fazia parte de um grupo de 4 ou 5 jornalistas de Porto Alegre que faziam de tudo para que ele ocupasse espaços na mídia. Ah, sim, o projeto do PT tinha um bravo jornalista, incansável, Remi Baldasso, que infelizmente não viu o triunfo da legenda. Hoje o partido está entupido de jornalistas, todos ocupando bons cargos nos governos, mas naquela época só fingiam “simpatia”.
Quem viveu no final dos anos 70 no RS e tinha um pouquinho de tutano admirava muito o sindicalista Olívio Dutra. Para quem não sabe, ele liderou, em 1979, a histórica greve geral do funcionalismo público. Foi preso e perdeu o mandato de presidente do Sindicato dos Bancários – desde 1961 era funcionário concursado do Banrisul.
Em 1980, junto com Lula e outros sindicalistas, começou a difícil tarefa de criar um partido. Dificílima empreitada, porque na oposição aos milicos, o PMDB de Ulysses Guimarães e o PDT de Leonel Brizola monopolizavam a vida política nacional. Na primeira eleição o fiasco foi inevitável: Olívio, candidato ao Governo, fez pouco mais de 50 mil votos. Foram eleições praticamente gerais – de vereador a governador, menos nas prefeituras das capitais e nas chamadas “áreas de segurança nacional” e o nanico PT elegeu apenas um vereador em todo Estado: Antônio Hohlfeldt, em Porto Alegre.
Antes da eleição, Olívio e seus raríssimos companheiros – Clovis Ilgenfritz era um deles – percorriam, aos trancos e barrancos, o Estado. Um dia, na Serra – acredito que foi em Bento Gonçalves – ele deu uma entrevista para um jornal alternativo – na época, centenas de mensários, em todo país, imitavam O Pasquim. Reza a lenda que eles, antes da entrevista, se encharcaram de um bom vinho. E o ingênuo Olívio falou muita bobagem. Intimidades de adolescente, por exemplo. E a repercussão foi um desastre.
Óbvio que OD foi o primeiro presidente estadual do PT – até porque não tinha outro nome conhecido. Mas a estrutura que se formava era muito estranha. Quem começava a mandar, de verdade, era um professor universitário, carrancudo, que comandava uma “tendência interna”, bem organizada, constituída basicamente por estudantes. Sim, Raul Pont, hoje o popular comandante Raul, era o poderoso da gurizada. Tão organizados que tinham até um jornal (Em Tempo) – o PT não tinha nada.
Pont controlava tanto o PT que foi o candidato a prefeito de Porto Alegre em 1985. Na primeira eleição nas capitais desde que os milicos tomaram conta. Evidente que Olívio deveria ter sido o candidato, mas o inexpressivo professor mandava mesmo. Também foi um fiasco a sua candidatura a prefeito, assim como tinha sido a sua candidatura a senador, em 1982, onde a sua principal proposta era a extinção do Senado.
Olívio continuou trabalhando na agência da Assis Brasil do Banrisul, andando de ônibus e organizando o PT.
Na eleição de 86 o partido realmente começou a existir. Bancada na Assembleia e na Câmara. Olívio foi eleito deputado federal constituinte com  55 mil votos e dividiu um apartamento em Brasília com Lula.
Em 88 nova eleição para a Prefeitura de Porto Alegre.
Nenhum aventureiro tentou disputar com Olívio a condição de candidato.
Durante toda a campanha, as pesquisas apontavam que novamente haveria um novo fracasso. São várias as histórias de manipulação de pesquisas, inclusive pelo dono de um grande jornal da capital. Mas isso não vem ao caso, porque o PT venceu.
Durante a campanha, Olívio falou várias vezes que  interviria nas empresas de ônibus. Ninguém deu bola.
Para lembrar: na real, ele estava coberto de razão, porque a inflação estava descontrolada e, por isso, o preço das passagens subia sem aviso. E as empresas não tinham o menor respeito pelos usuários. Não cumpriam horários e os ônibus eram um horror.
O PT venceu as eleições, enfrentando os poderosos PDT e PMDB.
Com a posse de Olívio uma série de equívocos começaram a acontecer.



2

Antes, uma correção, feita pelo jornalista Paulo Cesar Teixeira, no post de ontem:
Sem entrar no mérito do que está dito, há algumas incorreções no texto, como o trecho em que afirma não ter Olívio concorrente interno na indicação para a disputa pela prefeitura da capital gaúcha, no final dos anos 80. Houve, sim, uma disputa prévia, em que também concorreram Flavio Koutzii e Tarso Genro, vencida por Olívio. Lembro bem disso porque fiz a cobertura da disputa interna do PT pelo Diário do Sul.

Isto, a disputa Olívio/Tarso é mais antiga do que parece. Não lembrava desta.

Simples, Olívio Dutra sempre andou de ônibus. Alguns diziam que era demagogia. Mas sei que não. Ele vivia de acordo como que ganhava. Uma vida de bancário, apenas.
Por isso que quando tornou-se prefeito de Porto Alegre sabia a esculhambação dos ônibus, do que os porto-alegrenses enfrentavam diariamente.
Tenho certeza de que ele queria realmente moralizar o transporte público.
O problema era apenas um: os companheiros que mandavam, de verdade, no PT. Gente que não queria moralizar o transporte público. Apenas queriam o confronto com o empresariado, “a burguesia”. Nada além disso.
E estes foram os vitoriosos quando decidiram encampar as empresas. Queriam todas as empresas estatizadas.
O PT ordenou que Olívio autorizasse o confronto. E assim foi feito.
Em janeiro de 89, logo quer assumiu, a poderosa ATP, entidade dos empresários do setor, pediu um reajuste de 40 por cento no preço das passagens. Não conseguiram, é claro.  Um mês depois a “administração popular” decidiu intervir em três empresas. No final de fevereiro, a situação era essa: seis empresas sob intervenção e oito empresas privadas, além da Carris.
As pessoas responsáveis que cercavam o prefeito o convenceram de que havia sido uma grande idiotice a tal intervenção, mesmo que os porra-loucas quisessem continuar a aventura. Na real, a burrice estava feita.
Aí a Prefeitura concedeu um reajuste de 40 por cento nas tarifas. E foi cedendo aos poucos. Não tinha outra saída. Com o rabo no meio das pernas devolveu aos proprietários as empresas Nortran, São João e Sudeste. No ano seguinte devolveu a Trevo e a VTC. E foi além: fez um acordo para abrir mão da desapropriação da Sopal.
O confronto entre a Prefeitura e a ATP continuou até 1997, com batalhas judiciais terríveis. As Prefeituras do PT perderam todas as pendengas judiciais. Neste ano, a Prefeitura se rendeu, por um bom motivo: véspera da eleição ao Governo do Estado e justamente o “gestor” da desastrada intervenção nas empresas de ônibus era o candidato, que foio vitorioso.
Um ano depois da posse de OD, o então prefeito Raul Pont, quem diria, topou entregar os pontos aos “empresários burgueses”.
As administrações petistas foram tão amigas dos empresários que implantaram o plus tarifário, ainda no período de Olívio. Através de um decreto, estipularam um valor adicional sobre a tarifa, com o simples objetivo de criar um fundo especial para renovação da frota.
Barbadinha para os donos das empresas, não?
Sabem quem pagou a renovação da frota, não?
Uma evolução magnífica para quem queria estatizar as empresas!!
Olívio, mais soltinho, deu plenos poderes para que a ATP administrasse os recursos, TIRADOS dos usuários.
O mais admirável: a ATP arrecadou, com a molezinha da “administração popular”, quase 12 milhões de dólares. Com essa grana compraram 142 ônibus. Acreditem, 48 veículos novinhos foram destinados para uma nova empresa,  a Restinga, que foi oficializada em março de 1990. Quem eram os donos dessa nova máquina de fazer dinheiro? Ora, meu Deus, justamente os “burgueses” tão combatidos antes, os donos das 12 empresas de transporte de Porto Alegre. Casualmente, todos dirigentes da ATP (lembre que eles é que geriram o plus tarifário).
O resultado do plus tarifário e a sólida amizade entre os petistas e a ATP foi maravilhoso.
Olívio elegeu-se governador e o PT administrou a cidade por 16 anos, em total harmonia com o empresariado da “mobilidade urbana”. A burguesia!!
Ah, ia esquecendo: a conta paga pela Prefeitura de Porto Alegre foi alta. A aventura estatizante foi terrível.
O acordo assinado pelo então prefeito Raul Pont e a ATP obrigou a Prefeitura a pagar 10,5 milhões de reais às empresas de ônibus, sendo que seis milhões de reais para Trevo, Sudeste, Nortran e Teresópolis, em 48 suaves prestações mensais de 125 mil reais .
Um dinheiro jogado fora.

3

Olívio Dutra sempre administrou bem a sua imagem, de um homem bom, simples, do interior, mesmo que várias pessoas que o cercassem lhe compelissem a fazer disparates. Muitos.
Na Prefeitura ele foi muito diferente do OD sindicalista.
A impressão que deixou é que todo o empenho era para destruir tudo o que os seus antecessores fizeram.
Especialmente o que o prefeito anterior, Alceu Collares, realizou ou não conseguiu terminar em três anos.
O prefeito Olívio Dutra foi obrigado, pelas tais tendências internas do partido, a nomear uma secretária de Educação, que se notabilizou por pintar os cabelos de roxo e distribuir merengues em reuniões de trabalho.
Chamava-se Esther Pillar Grossi.
 Ah, sim, detestava as escolas de turno integral. E fez de tudo para extingui-las – e conseguiu.
Todos sabem que nas escolas de turno integral as crianças tinham atendimento completo. Um projeto implantado por Leonel Brizola no Governo do Rio de Janeiro e que Collares trouxe para a cidade. Aulas, esportes, saúde, alimentação e, no final do dia, como Brizola dizia, “vão para casa de banho tomado”.
A sensacional “educadora de cabelo roxo” vaticinou, com total apoio de  Olívio:
“A preocupação por ingressar na escola os que nela não estão tem ao menos que vir acompanhada, se não precedida, pela preocupação de que a escola ensine. Nós não vamos nem aventar a hipótese de escola-restaurante, ou escola-posto de saúde ou escola só para guarda da criança, porque isto nos rebaixaria tanto que não poderíamos aguentar a humilhação. Um país que não pode se ocupar senão das necessidades biológicas dos seus filhos, está reduzindo-os a irracionais e isso não podemos admitir.”
Genial a política educacional de Olívio, não?
Como educadora, dizem que os merengues de dona Esther eram sensacionais.
Foi tão admirável a política educacional de Olívio que hoje os seus correligionários, o governador Tarso Fernando e a presidente Dilma estão empenhados em implantar escolas de turno integral.
Olívio e dona Esther também não gostavam de outros projetos que na época chamavam de “assistenciais”.
Há décadas, a Prefeitura repassava verba para creches mantidas por associações, entidades religiosas, etc. Lembro muito bem do deputado estadual Raul Pont, o comandante Raul, chefe da tendência que dominava o PT gaúcho, discursar dizendo que o PT não admitia o assistencialismo!!
(Hoje, não sei o que o veterano trotskista acha do bolsa-família.)
O que Olívio determinou?
O cancelamento de todos os repasses para a manutenção das creches.
Terminou também com outro projeto, a Casa da Criança, creches que seriam implantadas em bairros populares. Lembro bem de uma que estava sendo construída na Lomba do Pinheiro. Desapareceu.
Aí leia o que dizia, nessa época, a “educadora”:
“O Brasil precisa de escolas infantis, muitíssimas, por uma razão fundamental: para a aprendizagem das crianças, que será enriquecida pela atuação profissional da mãe, liberada enquanto seu filho está na escola desde cedo. Uma mulher que contribui para a construção do mundo, além de proporcionar cuidados maternos, pode ser mais mãe do que aquelas que não trabalham fora.
Aprende-se desde que se nasce e sempre. Aprende-se o lógico e o afetivo, o social e o ético, o imaginativo e o belo.”
Ah, mas Olívio implantou o orçamento participativo.
Por favor, me nego a tratar disso. Os números são muito desfavoráveis!

4

Olívio Dutra assumiu o Governo do RS surpreendendo.
Na cerimônia de posse seus amiguinhos colocaram na sacada do Palácio Piratini uma imensa bandeira de Cuba. Sensacional!!
Como na Prefeitura de Porto Alegre, as “tendências” formaram o secretariado do governador. Na grande maioria de atuação pífia. Um bom exemplo foi a nomeação de um “especialista” em camelôs de Porto Alegre para tratar da indústria e do comércio do Estado. O ponto alto de sua administração foi a suspensão do acordo, feito pelo governo Antonio Brito, para instalação de duas montadoras no RS, a GM e a Ford. A renegociação do acordo foi aceito pela primeira, mas a Ford foi para a Bahia. Dois pontos: os articuladores de Olívio não aceitavam: isenções fiscais e empréstimos com juros abaixo de mercado.
O curioso é que hoje, os maiores defensores do fim dessas isenções fiscais mudaram de opinião. A bancada petista na Assembleia acaba de aprovar as chamadas “renúncias fiscais” para grandes empresas. E proposta pelo governador Tarso Fernando. E Raul Pont, mesmo não tendo ido à tribuna para defender os “grandes empresários”, aprovou feliz da vida o projeto.
O governo olivista também notabilizou-se por processar jornalistas que não o apoiavam. Vários sofreram muito com a ira dos amigos de OD. Virou moda processar quem não o apoiava. Os mais novos devem se lembrar como agia o “presidente” falecido da Venezuela, Chapolim Chávez.
Na Comunicação… Bah, nem vou tratar, porque, sem dúvida, foi a área mais trapalhona.
Por falar em trapalhões, os assessores mais próximos de Olívio no Palácio Piratini eram muito engraçados. Tinha um, por exemplo, chefe de alguma coisa, que caminhava nos salões do Piratini fazendo muito barulho – os saltos de seu sapatos não eram de borracha. Anunciava quando estava chegando. Uma autoridade.
Uma vez acompanhei uma comitiva que foi levar um convite ao governador e esta sumidade foi quem recebeu o pessoal. Depois de ouvir, sem paciência, disse:
– O Olívio não vai.
Pasmo, um dos caras da comitiva não se conteve:
– O senhor não pode consultar o governador?
– Não precisa. O Olívio não vai. Boa tarde.
A impressão que sempre tive é de que o governador era mandado pelo grupo que o cercava e que o governador de fato era o vice, Miguel Rossetto. Olívio fazia muitas viagens, ia a eventos, essas coisas. O tal do arroz de festa. Mas isso é apenas uma impressão, nada mais do que isso.
Olívio também enfrentou graves acusações de esquema de desvio de verbas. Grana grande do jogo do bicho para o PT.
Antes que mais uma vez queiram contestar lembro que se o Governo Olívio fosse acima da média seria candidato à reeleição.
Mas, não.
Nas prévias do partido, Olívio foi derrotado por Tarso Fernando para concorrer ao Piratini. TF renunciou à Prefeitura de Porto Alegre. Mas o eleito foi Germano Rigotto, do PMDB.

Claro que recebi dezenas de comentários sobre os posts do Olívio Dutra, que começaram na segunda.
Anônimos. Cheios de xingamentos. Nenhum com argumentos. Só aquilo que estamos acostumados a ver em tudo que é lugar, quando alguém não puxa o saco de algum petista.
Recebi apenas um email de uma figura, assinado e inclusive com a sua fotinho. Mas uma figura mais do que bisonha. Incrível, um médico, derrotado em duas eleições para vereador, em uma grande cidade do interior, petista. Nenhum argumento, só escrevendo coisas como “burguês fascista”, etc. Sé respondi aconselhando-o a chupar um carpim sujo e que buscasse votos para se eleger. Queria que colocasse seu nome, é claro, mas não vou dar chance para fracassado.

No Facebook alguns comentários relevantes.
Como o do Cezar Arrué, funcionário da Prefeitura de Porto Alegre e petista.
Ainda hoje o Governo Olívio segue insuperável na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Era um prefeito de verdade, sem transigir com a corrupção na Procempa, na Saúde, na Carris, na Fazenda, por exemplo.
Toda a cidade se engajou na intervenção das empresas mafiosas de ônibus, porque viram ali uma ATITUDE. Bem ao contrário do que há hoje, quando TODAS as atitudes do governo municipal são para tergiversar ou mesmo tomar o partido do poder econômico (Vide o caso da licitação). Pela ótica de algumas pessoas, a intervenção é ‘fracassada’, mas ao final do ciclo do PT o transporte NÃO ERA problema para a população, e a Carris era a MELHOR empresa de ônibus do país (tanto pública quanto privada).
Bem diferente de hoje, né? Não deve ser por seus ‘fracassos’ que Olívio é hoje o político mais admirado do RS. Olívio não era prefeito de si mesmo. Era apenas a frente de um projeto para a PMPA que resistiu 16 anos ao ataque dos ‘poderosinhos’ chinelos de Poa, tipo a RBS e o inútil do Renato Ribeiro que, contrariado, proibiu que no seu jornaleco fosse CITADO o nome do PT.
Sobre as escolas de turno integral, elas nunca funcionaram plenamente em Porto Alegre. Houve um debate sobre se era pra investir o escasso orçamento em escolas-modelo para uma minoria ou tentar qualificar toda a rede. Este debate AINDA existe, mas hoje tem muito mais grana.. Outro grande debate foi sobre o ‘assistencialismo’, a história de dar o peixe ou ensinar a pescar. Assistencialismo era, no PT, palavrão pior que ‘burguês’. Mas a beleza do PT é justamente essa: o dinamismo de questionar dogmas e, eventualmente, derrubá-los. O pessoal se convenceu de que ‘ensinar a pescar’ sem a vara, sem o rio e sem o pesqueiro seria impossível. Mas uma das coisas que NÃO mudaram foi a principal diretriz do governo Olívio – inverter as prioridades, olhando para a parte de baixo da pirâmide. Quem faz isso hoje? Atualmente, é normal achar que pobre tem mais é que pegar ônibus sujo, calorento, lotado e atrasado.

Tem também uma matéria no Sul21, sobre uma entrevista que OD concedeu a Ulbra TV, já como candidato ao Senado.
Selecionei alguns trechos, mas o link é esse: http://www.sul21.com.br/jornal/acho-que-faltou-maior-radicalidade-diz-olivio-dutra-sobre-intervencao-no-transporte-coletivo-de-poa/.
– …entende que a intervenção promovida nas empresas de ônibus da Capital durante sua gestão deveria ter sido ainda mais profunda … o petista disse que se orgulha de ter tomado essa medida.
– “Eu não fui o primeiro. O Brizola e o Ildo Meneghetti também fizeram intervenções. Nossa intervenção quis pegar mais na raiz os problemas do transporte coletivo. Até acho que faltou maior radicalidade para aquela intervenção ter um desenvolvimento melhor”, pontuou.
Destaquei estes pontos porque são os abordados até quarta-feira, dia 2
Duas coisas:
Legal, se orgulha de ter feito a população de Porto Alegre pagar a renovação da frota, com o plus tarifário.
Brizola não fez uma “intervenção” e muito menos arrependeu-se. O então governador do RS encampou duas multinacionais, dando origem a CRT e CEEE

5

Depois de ter sido impedido pelo próprio PT de concorrer às eleições de 2002, Olívio Dutra ganhou um prêmio de seu amigão Lula, no ano seguinte: foi nomeado ministro da Cidades. Ficou dois anos e foi apeado sob a alegação de que deveria dar o lugar para um filiado ao PP, novo aliado do presidente da República.
Mas Olívio sabia que não era bem-vindo à Brasília.
O poderosíssimo Zé Dirceu foi contra a nomeação do ex-sindicalista. Lula passou por cima, mas na primeira oportunidade Zé deu o troco. E OD voltou a Porto Alegre disposto a não entrar mais em disputas. Afinal, o cara foi deputado federal, prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande do Sul.
Não é para qualquer um.
No entanto, a companheirada insistiu e ele concorreu novamente em 2006 ao Governo.
Sofreu nova derrota que a imensa maioria dos petistas não admitem até hoje: foi nocauteado no primeiro e segundo turno por Yeda Crusius. Teve a oportunidade de participar de um movimento oposicionista jamais visto no RS.
Depois disso, o ex-governador jamais admitiu concorrer de novo.
Sentiu-se tranquilo dentro do PT.
Até para atacar companheiros que detestava.
Zé Dirceu e os demais mensaleiros foram o alvo predileto de Olívio. Na primeira oportunidade saiu dando porrada.

Na ISTOÉ:
Fiel aos princípios éticos abandonados por setores do PT depois da ascensão ao poder, o ex-governador do Rio Grande do Sul e petista histórico Olívio Dutra bateu de frente com integrantes do próprio partido ao defender a prisão dos mensaleiros, pedir que o ex-deputado José Genoino não assumisse o cargo na Câmara enquanto réu no mensalão e criticar o enriquecimento súbito de Antonio Palocci quando este era ministro da Casa Civil. Olívio não ficou só na retórica. Nos últimos tempos, ele se tornou mais do que uma voz dissonante no PT.
Diferenciou-se também nas práticas. Enquanto muitos enriqueceram e passaram a desfrutar uma vida de luxos, Olívio, cuja aposentadoria soma R$ 18 mil mensais, continuou a morar no velho apartamento de 60 m2, localizado de frente para uma avenida barulhenta na zona norte de Porto Alegre. Sem carro próprio, também não se constrangeu em usar diariamente um ônibus para se locomover. Num momento de total descrédito da população com a classe política em geral, as atitudes de Olívio o credenciaram fortemente para um retorno à política.

Quando OD desancou o pau nos mensaleiros, a mídia nacional o aplaudiu.
Por declarações como esta:
Até pode ser questionado, mas as instituições (STF) têm seus funcionamentos. O que não se pode admitir é o toma-lá-dá-cá nas práticas dos mensalões de todos os partidos, nas quais figuras do PT participaram.

Sobre as vaquinhas organizadas pelas famílias dos condenados no processo do mensalão para pagar as multas, foi na pleura:
– Essas pessoas não foram julgadas pelo seu passado, mas por suas atitudes no presente. Foram julgadas, condenadas e presas. As campanhas que as famílias estão fazendo, se estiverem dentro da lei, tudo bem. Eu não participo e acho que não pode ser uma orientação partidária fazer isso.

Olívio volta, agora, à vida pública, depois de ter anunciado a aposentadoria.
Foi pressionado pelos companheiros e pelos dirigentes partidários. Como “homem de partido” topou concorrer ao Senado. Vai tentar ajudar na reeleição de Tarso Fernando ao Governo do Estado.
Será que vai se esforçar? Depois de tantas disputas internas? Será que OD já esqueceu de 2002, quando não pode concorrer a reeleição ao Governo, porque Tarso cismou de ser o candidato (e foi derrotado)?
Assim como Lula, Olívio não se deu bem na atividade parlamentar.
Os dois amigos não gostaram da Câmara federal.
Senado, Olívio?

Quinta, 30 de novembro de 2017

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DEVANEIOS ESCULHAMBADOS 
Paulo Motta, o filho da dona Norma
Acelero mais antes da curva e o gole do King’s Command derrama no meu joelho. Não sei a quantas ando, só sei que estou correndo mais do que deveria.
O cheiro desse uísque me lembra teus olhos negros mouros, minha amada degenerada que me deu um pé-na-bunda na segunda que ainda me dói na sexta. 
Cada curva dessa pista tem a suavidade dos teus cabelos, minha ex-mulher.
Ex-mulher é homem; ex-homem é mulher, melhor parar de pensar e só dirigir.
Mais um gole e acendo outro Minister depois da reta cinzenta. Mulheres, mulheres.
Terminamos nossa relação, nosso soneto de amor, por incompatibilidade religiosa: ela achava que era Deus e eu um pobre bêbado desempregado, embora cumpridor das minhas responsabilidades conjugais.
Aliás, um perfeito executor de minhas responsabilidades conjugais, modéstia à parte.
Sinto um calafrio quando os reflexos entorpecidos me fazem perder o controle e o carro é jogado para fora da pista em alta velocidade. 
– Porra, Motta! É o terceiro carrinho que tu destrói, hoje! Vou te cobrar dobrado, seu bosta! 
É Corálio, o dono da pista de autorama que eu frequento quando fico deprê. A pista é do Corálio! 
Melhor ir pra casa.
Cilene, minha tartaruga, deve estar com saudades; há dois dias não apareço em casa. Quando abro a porta ela pula no meu colo, abanando o rabinho de tanta felicidade! 
Acho que vou preparar uma massa de manobra para uns pães de forno, veremos. 
Mulheres, mulheres. Essa última ficou com gosto de King’s Command. 
Já foi pior: tive algumas com gosto de cachaça com framboesa, juro-lhes, pequenos assassinos de baratas. 
Boa tarde.
CÚMPLICES NA FELICIDADE
Léo Iolovitch, o que vive Na Nuvem
Texto enviado aos amigos que viajaram juntos ao Japão, em 2006, para assistir ao Campeonato Mundial de Futebol da FIFA, vencido pelo Internacional, e que depois foi publicado no livro “A Conquista de um Sonho”, Ed. Nova Prova, 2007
Tenho recebido maravilhosas mensagens de vocês, que têm me emocionado. Cada um a seu modo relembra os momentos inesquecíveis que vivemos e cada qual quer dividir sua emoção com o grupo. Que legal.
Comigo aconteceu algo interessante, que custei a entender. Ao comentar para a minha família sobre nosso grupo, me dei conta que eu era o segundo ou terceiro mais velho. Mas o incrível é que eu nunca tinha percebido este fato, achava que era uma turma da minha idade, pensava que não havia maiores diferenças. Só então que entendi essa coisa estranha e um pouco mágica, houve uma fantástica coesão entre nós, que fez com que as diferenças se dissipassem.
Médicos, advogados, empresários, funcionários públicos, estudantes, ninguém era diferente, todos eram iguais. Houve um sentimento único, uma alegria coletiva e, ao mesmo tempo, um respeito em relação a cada um e a todos, que nos uniu de uma forma definitiva.
Não podemos falar de outros grupos que se formaram, mas não é pretensão pensar que nenhum terá sido mais feliz e coeso do que o nosso.
Nessas horas não se deve ser modesto, até porque quem torce pelo campeão do mundo pode não sê-lo, para proclamar que isso ocorreu porque: nós somos muito bons…
Fomos ao outro lado do mundo acompanhando nosso time. Tínhamos uma delegação tácita dos que não foram, de representá-los e, em nome deles, apoiar e “empurrar” a equipe em campo. E nós cumprimos nossa missão.
Comprei o CD do jogo nos camelôs do centro, assisti em casa e senti a nossa presença. Não é exagero, nós jogamos com o time. Somos campeões do mundo merecidamente.
Poucas vezes a felicidade pode ser completa e isso aconteceu conosco.
Além de vermos a glória máxima do nosso Internacional ao vivo e participando da conquista, ficamos fazendo parte de um grupo fantástico de pessoas, que passaram a integrar o nosso patrimônio afetivo.
Não era só eu que não percebia a diferença de idade, éramos todos que afastavam qualquer diferença para aumentar o espírito coletivo e fomentar o convívio. A gente sentia que estava vivendo um momento maravilhoso.
As câmeras e filmadoras buscavam eternizar cada um daqueles episódios memoráveis, mas por maior que seja a tecnologia e o talento do fotógrafo/cinegrafista algo escapa do registro na máquina. Por isso o interesse na troca de imagens e filmes que vamos fazer.
Porém, quero tranquiliza-los em relação aos registros da viagem. Há algo que transcende as fotos. É lá na nossa memória e no nosso coração, que não têm megapixels, nem gigabytes, que ficarão marcados de forma nítida e indelével os momentos únicos que tivemos o privilégio de viver.
Tudo, nos mínimos detalhes, está guardado de forma perene dentro de cada um de nós.
Quem ainda não se deparou no espelho fazendo a barba e de repente está rindo sem saber bem por que?
Quem não parou numa fila, num elevador, no trânsito e, sem mais nem menos, vem a lembrança daqueles momentos e se sente leve?
E assim vai ser por muito tempo. No escritório, no consultório, na rua, em casa, sempre vai surgir a evocação daquela experiência fantástica e vai aparecer um brilhozinho estranho no canto do olho, que nos remeterá ao Japão, ao ônibus, ao estádio, ao extraordinário período de nosso convívio.
Nós nunca mais seremos os mesmos.

Quarta, 29 de novembro de 2017

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EM MONTSERRAT,
UMA NOVA POMPÉIA

Texto do jornalista Clovis Heberle 

Imagine um show com Paul Mc Cartney nos vocais e piano, acompanhado por Phil Collins na bateria, Sting e Elton John nos vocais, Eric Clapton e Mark Knopfler (Dire Straits) nas guitarras. George Martin, o produtor e maestro dos Beatles, conseguiu o milagre, numa apresentação histórica realizada em 15 de setembro de 1997, no Royal Albert Hall, em Londres, para a reconstrução de Monserrat, uma pequena ilha do Caribe de 11 por 16 quilômetros pertencente à Comunidade Britânica, devastada três meses antes pela erupção de um vulcão.
Os músicos pagaram suas despesas e tocaram de graça… em estado de graça. Interpretando Brothers in Arms, Knopfler parecia levitar, com sua guitarra mágica.
Antes de começarem os seus números, os artistas falaram sobre suas recordações das temporadas que costumavam passar na ilha. Todos eles viajavam até o Caribe com o mesmo objetivo: gravar nos estúdios de George Martin, o Air Records, longe do inverno europeu, de suas casas, da rotina. Lembraram daqueles dias com saudade e emoção.
O DVD gravado naquela noite rende recursos para obras de reconstrução – inclusive um auditório para promoções culturais. Mas, mais do que isso, divulgou para o mundo o drama do povo daquela ilha, até então só conhecida pela banda Arrow, que na década de 80 explodiu com Hot, Hot, Hot, música dançante em ritmo soca (conhecido no Brasil como Lambada), indispensável nas danceterias de sul a norte do continente americano e da Europa. É claro que a Arrow estava presente na celebração musical.
Participaram do show, por ordem de entrada:
Phil Collins, Arrow, Carl Perkins, Jimmy Buffett, Mark Knopler, Sting, Elton John, Eric Clapton e Paul Mc Cartney.

Montserrat foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1493. Deu este nome à ilha por ter ficado impressionado com a semelhança entre as montanhas que avistava e a serra que emoldura Barcelona, na Espanha. Colonizada pelos britânicos, recebeu milhares de presos políticos e refugiados irlandeses, entre os séculos 17 e 18. Com mão de obra escrava, mantinham cultivos de cana, lima e algodão. Abolida a escravidão em 1830, Montserrat continuou nos séculos seguintes exportando produtos agrícolas e, mais recentemente, água mineral, uma das melhores do mundo.
George Martin inaugurou os estúdios Air em 1979, gravando discos de Paul McCartney, Elton John, Stevie Wonder e Eric Clapton.
Em 1989 o furacão Hugo destruiu 90 por cento dos prédios de Montserrat. Em 1995, o vulcão Soufrière entrou em erupção, lançando enorme quantidade de cinzas, e em 24 de junho de 1997 explodiu, soterrando de lava sua capital, Plymouth. Dois terços da população da ilha foi evacuada. Dos 13 mil habitantes, só moram lá atualmente menos de cinco mil. Os demais, como cidadãos britânicos, emigraram para outros territórios do Império.

O vulcão continua em atividade. Por isso, todo o sul do território – inclusive a antiga capital – continua sendo zona de exclusão. Um novo porto e aeroporto foram construídos em Little Bay, ao noroeste, e o governo funciona numa capital provisória, em Brades.
Só em 2009 uma empresa local reativou uma linha aérea regular, ligando Montserrat à ilha de Antigua, situada a 48 quilômetros de distância, onde há vôos internacionais. Os moradores têm agora o turismo como principal atividade econômica. Por trilhas, barcos ou sobrevôos, levam os turistas para verem, de longe, os estragos causados pelo Soufrière.

Terça, 28 de novembro de 2017

Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu





SITE/BLOG DO PRÉVIDI: HÁ 14 ANOS
INCOMODANDO CHATOS, 
INCOMPETENTES E BANDIDOS
(E CANALHAS)

Atualizado diariamente até o meio-dia.
Eventualmente, à tarde, notícias urgentes.





BAIRRO

Um maravilhoso texto da Ligia Savio, professora e escritora

Eu já não gostava de ir no armazém do Seu Leandro porque ele tinha um olhar malicioso e trocista. Aí a mãe contou, furiosa, que quando a Dona Otalina foi lá escolher laranjas, ele disse:
– Pra que apalpar as frutas? Só china que se apalpa.
Aí mesmo que não fui mais lá. Depois do almoço, ficava sentada com a Tânia no meio-fio, pegando uns pedaços de tijolos de uma obra ali do lado, brincando de fazer pozinho, esfregando os pedaços uns contra os outros ou raspando com uma pedra. Cada uma queria fazer um monte maior que o da outra, umas elevaçõezinhas cor de laranja, pequenas pirâmides que nos encantavam. Já tinha passado o tempo em que a gente podia andar só de calcinha no verão, até na frente de casa. Mas os pés continuavam sempre descalços, mesmo no calçamento da rua que fervia ao sol, a gente se acostumava. Quem é que ia botar sapatos pra ir no seu Diomar ou pra buscar água na Fonte da Saúde? E lembro que o pai, de manhã bem cedo, ia de pijama e chinelos no armazém buscar pão. O pijama meio folgado, o pai era tão magro naquele tempo!
À tarde, passava o picoleiro, que era esperado ansiosamente, embora não nos deixassem comprar dizendo que aqueles picolés “eram feitos de água da sarjeta”. Alíás, quando chovia forte, pelas sarjetas da Domício da Gama, rolavam rios caudalosos e barrentos. Por que os fabricantes de picolés iam escolher logo aquela água? eu pensava. Mas nos faziam comer os picolés caseiros, feitos nas formas de gelo e com um palito no meio e que a gente nunca deixava endurecer completamente.

Festa mesmo era quando o pai trazia uma lata de leite condensado e a mãe botava na panela de pressão! Nosso sonho de consumo era o “ leite condensado fervido”! Que maravilha quando a mãe abria a lata (tinha que cuidar pra não espirrar em nós !…) e desenformava aquela maravilha marrom que queríamos comer quente mesmo! Lembro que a mãe tinha uma compoteira de vidro pintado em forma de ânfora que uma tia nos trazia cheia de ambrosia. Ela era especialista neste doce, ninguém fazia melhor do que ela. Era o que a mãe dizia. Aconteciam coisas tristes também: um vizinho militar começou a atirar nos gatos que namoravam no seu quintal, disseram que era com rifle 22. Acertou num dos nossos ( acho que no Emir) que chegou se arrastando em casa e felizmente a gente conseguiu salvar. Engraçado que aos domingos ele estava sempre na missa, manejando o terço em vez da espingarda. Influenciado talvez pelo cio dos gatos, fugiu com a filha de criação, que meses mais tarde, o devolveu doente à velha esposa. Agora isso me parece uma história do Dalton Trevisan…Mas a gente presenciou tudo aquilo!… Nossos gatos e cachorros tinham nomes especiais que eu e a mãe colocávamos : o Emir (sheique árabe). O Ben-Hur, o Tora-tora, o Noivo (prometido da Baby), o Pequim e a Neneza, primeiro gato trans que, como mãe, reconheci e estimulei. Agia como fêmea, tinha um corpo feminino, era a minha paixão! Eu lhe punha os vestidos das minhas bonecas e ela gostava.
Bem antes, houve um outro quintal quando morávamos com minha avó, meu tio e minha prima Nina, que era minha grande companheira. Me lembro direitinho que a vó plantava violetas e morangos. Não sei se eles estavam meio misturados ou em canteiros diferentes, só sei que eu gostava de mexer nas folhagenzinhas rasteiras e me maravilhar com uma flor ou uma frutinha vermelha.
Algumas lembranças se misturam. Corre-se o risco de ficcionalizar- ou fantasiar – tudo que ficou muito longe no tempo. Assim como a menina Arla, de cabelos lisos e louros de um tom queimado. Sei que ela vivia com o pai, parece que ajudava em casa. Nunca me esqueci dela! E eu tinha só três anos…Mais uma coisa bonita: o leiteiro Gabriel, de olhos azuis e cabelo claro e crespinho, que vinha de carroça e despejava o leite num recipiente (leiteira? sei que tinha alça) que a vó deixava na porta de casa e que não tinha perigo de alguém levar… Às vezes, eu o esperava à porta junto com a vó, bem cedinho. Será que Arla e Gabriel estão ainda por aqui ? Não sei por que ficam determinadas pessoas, certas situações e recordações. Algumas estão aqui.

Segunda, 27 de novembro de 2017

Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu





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PELA PRIMEIRA VEZ, HOJE NÃO
ESTAREI NA FESTA DO PRÊMIO PRESS

Aí acima, o momento em que recebi o prêmio de Jornalista de Web no ano passado.
Foi o quinto Prêmio Press.
Participei de todas as festas, desde a primeira edição em 2.000.
Aliás, junto com o Julio Ribeiro e a Nelci Guadagnin, tive a felicidade de participar da organização das primeiro edições do Press – para quem não sabe fui o primeiro editor da revista.

Concorri pela primeira vez em 2005 e venci em 2006, 2010, 2012, 2014 e 2016.
Estive na lista dos cinco finalistas em 12 edições. Na verdade, é um privilégio estar entre os cinco, especialmente nesta minha área, porque são centenas e centenas de jornalistas – ou não – que se aventuram em blogs e sites.

Este ano foi atípico pra mim, por vários motivos.
Primeiro, passei três temporadas no maravilhoso Hospital Santa Clara. Há mais de 40 anos que não ficava numa cama de hospital. A primeira ida ao HSC foi em fevereiro. Um horror, porque tive que abandonar Oeisis International, em pleno verão. Há mais de 10 anos que fico na praia de dezembro a abril, com vindas esporádicas a Porto Alegre.
Nos momentos “normais” fiz grandes edições do Blog do Prévidi.
Continuo incomodando chatos, incompetentes, bandidos e canalhas em geral.
Aliás, três canalhas acham que ganharam uma de mim. Hahahaha!!! Eles não imaginam o que está guardado para eles.

Toda esta conversa para dizer que hoje não estarei na maravilhosa festa do Prêmio Press.
O motivo é simples: não pude mudar a data.
Estou fazendo uma pequena viagem que está marcada há bastante tempo.
O Julio Ribeiro sabe.

De qualquer forma, vou ficar na noite de hoje antenado para ver se leio alguma coisa.
Ou se alguém me envia informações sobre a festa por email, WhatsApp ou Facebook.
Vou estar na torcida por todos os amigos.
E torcendo desesperadamente para que nenhum canalha vença.

VIVA!!