Bom Dia!! Segunda, 5 de novembro de 2012

– CATINGA-DE-MULATA??!!
DEPOIS EU QUE SOU O 
POLITICAMENTE INCORRETO!!


Na horta lá de casa, em Oeisis International, não conheci a plantinha acima.
– É catinga-de-mulata.
– Como é que é?
– Não lembra? Catinga-de-mulata. Bom para vermes e até hemorroidas.

Caramba!!
O nome de chá mais politicamente incorreto que conheci.
Nada é mais preconceituoso!!

Como ainda não começaram uma campanha nacional para trocar o nome desse conhecido chá?
Eu, daqui do meu recanto politicamente correto, sugiro que algum deputado federal ou senador apresente um projeto transformando esse palavrão em uma outra denominação popular:

AROMA DESAGRADÁVEL
DE AFRO-LUSA-DESCENDENTE


Que tal? Não fica melhor?

UMA NOVA CAMPANHA!!
Já que estou imbuído nessa sanha, ou melhor, nessa cruzada contra o politicamente incorreto, sugiro que os nossos parlamentares proíbam, eternamente, algumas músicas.
Começamos com uma “música” interpretada pelo grande sambista Paulinho da Viola.
Trata-se de Nega Luzia, de um racista chamado Wilson Batista:

Lá vem a nega Luzia
No meio da cavalaria
Vai correr lista lá na vizinhança
Pra pagar mais uma fiança
Foi cangebrina demais
Lá no xadrez
Ninguém vai dormir em paz
Vou contar pra vocês
O que a nega fez
Era de madrugada
Todos dormiam
O silêncio foi quebrado
Por um grito de socorro
A nega recebeu um Nero
Queria botar fogo no morro

Este é o meliante Wilson Batista, autor do “sucesso” acima


Mais um absurdo inominável!!
Esta foi gravada até pelo ex-ministro Gilberto Gil.
Trata-se de uma “composição” de Doca e Germano Mathias.
Reflita!! Quantos anos de cana poderiam pegar uns bandidos desses??!! Quantas leis são desconsideradas??!!

Não sou de briga 
Mas estou com a razão 
Ainda ontem bateram na janela 
Do meu barracão 
Saltei de banda 
Peguei da navalha e disse 
Pula muleque abusado 
Deixa de alegria pro meu lado 
Minha nega na janela 
Diz que está tirando linha 
Êta nega tu é feia 
Que parece macaquinha 
Olhei pra ela e disse 
Vai já pra cozinha 
Dei um murro nela 
E joguei ela dentro da pia 
Quem foi que disse 
Que essa nega não cabia?

Inominável, não?

Mais um meliante, Germano Mathias


Assim como várias obras do “escritor” Monteiro Lobato devem ser banidas da vida brasileira, este tipo de música tem que ser esquecida!!

“É RACISTA!!”

Como disse muito bem o famoso jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, “MONTEIRO LOBATO ERA RACISTA!!”.

Mais uma.
Para vocês terem uma ideia, até a imortal Elis Regina gravou Nega do Cabelo Duro.
Tremei!!

Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia
Qual é o pente que te penteia
Qual é o pente que te penteia, ô nega


Teu cabelo está a moda
E o teu corpo bamboleia
Minha nega, meu amor
Qual é o pente que te penteia, ô nega

Mais um exemplo de racismo flagrante, como poderia dizer o famoso jornalista e escritor Juremir Machado da Silva: O Teu Cabelo Não Nega, de um notório racista chamado Lamartine Babo e dos Irmãos Valença:

O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor


Tens um sabor bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata mulatinha meu amor
Fui nomeado teu tenente interventor


Quem te inventou meu pancadão
Teve uma consagração
A lua te invejando faz careta
Porque mulata tu não és deste planeta


Quando meu bem vieste à terra
Portugal declarou guerra


A concorrência então foi colossal
Vasco da Gama contra o batalhão naval

Lamartine Babo, notório racista!!!


Espero contar com a colaboração dos homens e mulheres de bem!!

Bom Dia!! Quinta, 1º de novembro de 2012

Texto do livro Apaixonados por Porto Alegre – Personagens do Centro
A venda no banner aí ao lado ou na Banca República – esquina da Rua da República com Avenida João Pessoa.

MARIMBONDO
(ARNO BAUM)
Ao contrário do que se
costuma dizer, os marimbondos não morrem depois de picarem uma pessoa ou
animal.
O infeliz que é picado por um
desses insetos pode ter reações inflamatórias e, em casos de maior gravidade,
náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais, perda de memória e tontura,
diminuição da pressão arterial, bronco espasmos e, dependendo de outros
fatores, a morte por parada cardíaca e respiratória.
Um dos tipos mais conhecidos
é o marimbondo solitário, que é preto com manchas amarelas e varia de 10 a 25 mm de comprimento.
Alimentam-se de outros
insetos.
O Marimbondo aqui é outro.
Não era perigoso – suas
mordidas não causavam danos irreparáveis ao homem.
Não precisava batalhar para
comer ou saborear algum tipo de néctar.
Não sabia o que é trabalhar;
portanto jamais tirou uma carteira de trabalho.
Este Marimbondo passava a
maior parte dos seus dias no Centro de Porto Alegre, especialmente na Rua da
Praia.
Marimbondo era um mordedor do
Centro.
Como bom profissional, saía
de casa, todos os dias, com as “vítimas” mapeadas. Sabia aonde iria, quais os
passos a serem dados, para conseguir o dinheiro ideal para passar as horas.
Quando pedia, as pessoas jamais se negavam a “emprestar” algum.
Sempre existiram pelo Centro
pessoas como ele, que conseguiam pedir dando a impressão que estavam fazendo um
favor ao achacado. As histórias do Condessa, do Fanha, retratadas pelo Renato
Maciel de Sá Júnior, tornaram-se conhecidas e 
fazem parte do folclore da Rua da Praia.
Marimbondo contou em uma
entrevista ao Rua da Praia, em junho de 1987:
“Vivia aqui na Rua da Praia, dia e noite, desde 1957.
Comecei engraxando sapato, cuidando dos carros dos amigos, para ninguém mexer.
Mas sempre vivi em função de grana, atrás de tutu.
“Realmente eu peço porque pedir não é roubar. Peço
para me manter, para manter um troquinho no bolso, cumprir com as minhas
necessidades.”
 A galeria de
mordidas é grande, explica Marimba, que prefere chamá-los de Amigos. Os mais
ilustres são Ismael Chaves Barcellos, Andreatta, José Asmuz, Aldo Costa, “gente
que é elevada ao povo. Tenho também muitos amigos na Galeria Di Primio Beck,
que são chegados a mim, como o Roberto di Primio Beck, o doutor Lauro CostA. Fora de sociedade, não.
Dentro da sociedade tudo bem, tudo comigo.”
Marimba, como também foi
conhecido, era muito feio. Tinha os cabelos claros, cumpridos mais do que o
normal para um cara “conservador”. Andava de havaianas, por problemas nas
pernas. Roupas simples.
As pernas: “Às vezes me afasto dois, três meses da Rua
da Praia. Tenho o problema na minha perna, que estou tratando na Santa Casa. É
uma úlcera varicosa, na lateral esquerda. Está melhor, em andamento, mas não
posso caminhar muito. Por isso fico mais na minha zona, porque não posso pegar
friagem, andar na chuva. Tive problema de pulmão, tratado adequadamente no
Sanatório Partenon”.
O apelido?
Ele desconversava, dizia que
vinha da família do pai. “A minha mãe me chamava de Socó.”
Era um malandro!
Muitas são as histórias que
já entraram no folclore da cidade, onde Marimba é o protagonista.
Tinha uma língua descomunal,
a encostava em cima do nariz.
Um dia a turma da Praça da
Alfândega resolveu fazer uma brincadeira – mais uma – com o Marimbondo.
Contrataram uma prostituta para transar com ele, desde que ele a beijasse toda
e especialmente se dedicasse mais ao sexo oral. Com uma condição: ela tinha de
urinar na cara do Marimba.
Deram umas cervejas pra moça
e foi todo mundo para um quarto. Ela cumpriu o trato.
Na hora da chuvarada, o
Marimba foi de uma presença de espírito extraordinária:
– Chove no Maracanã, mas o jogo continua.
Outra que é contada na
entrevista do Rua da Praia:
Consta que no início dos anos
70 seus amigos ricos vestiram-no de fraque e cartola, conseguiram um convite e
o levaram, devidamente sentado no banco traseiro de um carro de luxo, a um
baile de debutantes do Clube do Comércio. “Me
botaram para fora. Não me lembro de tudo muito bem porque estava numa bomba
danada
”, tenta recordar.
A mais sensacional é esta:
No Leopoldina Juvenil, a
história é mais sofisticada. Sentado no banco traseiro de uma Mercedes-Benz,
novíssima, Marimba, perfeito num smoking, banho tomado, cabelo aparado, com
convite para o baile de debutantes, foi barrado antes de entrar. “Todo mundo insistiu com os porteiros para eu
entrar, mas tinha um lá que sabia quem eu era e aí não teve jeito.
O jornalista Fernando Albrecht, um dos mais
brilhantes cronistas de Porto Alegre, e que ainda em 2012 lançará um livro de
histórias, conta em texto publicado em outubro de 2007 no www.fernandoalbrecht.com.br:
As cuecas do Marimbondo
Nos anos 60, era muito popular no Centro de Porto
Alegre uma figura apelidada de Marimbondo, ou Marimba, para os mais íntimos.
Adotado por uma turma de riquinhos, prestava-se para ser o clown da turma, o
que lhe valia algum dinheiro e sobrevivência.
Não raro, as troças e sacanagens beiravam à
desumanidade, como dar a ele nozes – Marimba era banguela. Essa turma batia
ponto em frente à legendária padaria e lancheria Matheus, na Rua da Praia, em
frente à praça da Alfândega.
Volta e meia, eles pegavam alguém como saco de
pancada, mas em outras vezes a reputação os precedia.
Foi o caso de uma famosa colunista do antigo jornal
Correio do Povo, que morava em um dos prédios lindeiros ao Matheus. Certa
noite, ela saiu da redação e no caminho para casa escandalizou-se com os
palavrões que a turma despejava. A casta donzela ficou tão indignada que no dia
seguinte laborou um veemente artigo em que criticava a turma, com direito
inclusive ao retrato falado de cada um, todos de famílias conhecidas à época.
A vingança não veio a cavalo, mas de Marimbondo.
Na saída da sessão das 22 horas dos cinemas Imperial e
Guarani, quando saíam magotes de gente, devidamente instruído, o Marimbondo
plantou-se embaixo do prédio. Olhando para cima,  para a janela do apartamento dela, desandou a
gritar o nome da jornalista solteirona a plenos pulmões:
– As cuecas, me devolve pelo menos as cuecas, já que
não me queres mais!!!
Trabalho? Ele ficava
seriíssimo e contrariado.
Está no mensário Rua da
Praia:
Assunto que diga respeito a trabalho, Marimbondo não é
muito chegado. ”Nunca tive uma profissão fixa. Por enquanto não. Cometemos a
infeliz idéia de perguntar se ele não tinha nenhum tipo de pensão do INPS! Como
é que eu vou ter, se nunca trabalhei, se nunca tive carteira do trabalho?”
 De política,
Marimba também não gosta. “Tenho título de eleitor, adequadamente. Votei, mas
em partido nunca me meti.” Destaca alguns políticos “que muito me ajudam. O
Sinval Guazzelli foi um homem muito bom, quando a Caixa era aqui na Rua da
Praia. Me deu uma força, sempre me ajudou.”
“Também o doutor Luiz Carvalho sempre me ajudou, que
foi um dos diretores da Caixa Econômica. Esses eu levo livre. Ah, também levo
livre o nosso governador Brizola. Sempre me deu apoio moral.”
Morava no bairro Navegantes.
Vivia na casa do cunhado na Rua Frederico Mentz, 300. “É a irmã que eu mais quero, é muito boa para mim. A minha sobrinha
também quero muito bem
.”
E ela não briga contigo, por não ter um trabalho?
De vez em quando me dá uma mijadinha, mas é bom, eu não trabalho mesmo,
né?
Em 1987 ele tinha 42 anos,
mas aparentava muito mais.
Tinha uma vida tranqüila, se
assim se poderia dizer.
Acordava às 7h30min, “por aí, e a primeira coisa que faço é lavar
o rosto. Aí vou tomar o meu aperitivo no bar da zona, para regular a lenta, que
sem a lenta regulada não faço nada. Aí vou mostrar para os meus amigos que
estou com a lenta calma
.
Pego o meu ônibus, o bus, e venho para o Centro,
sempre quando posso e aqui me estabeleço. Trabalhar, não, mas posicionar as
minhas ideias. Se não tenho ideias, não tem galho, porque roubar eu não vou.
Tomo um cafezinho, um lanchinho com os amigos. À tarde, dou uma banda, quem
quiser me ajudar me ajuda, o que eu quero é calma”.
Às 19 horas, Marimbondo vai
para casa, “comer uma coisinha. Tem
televisão lá em casa, mas não vou muito. Vejo essa novela nova, O Outro, e me
apago cedo. Nove horas estou na cama, com a perninha levantada, para o sangue
circular. E está terminado o meu dia
”.
Era mesmo um malandro da Rua
da Praia.
Leia o início da matéria que
fiz, em junho de 1987, para o jornal Rua da Praia:
Encontramos o Marimbondo por acaso, numa manhã fria na
Rua da Praia. Explicada a intenção da entrevista, topou de cara. No dia
combinado, chegamos com poucos minutos de atraso. Marimbondo estava impaciente:
“pensei que não viessem mais”.
Mais calmo, perguntei onde queria sentar-se. Disse que
poderia ser em qualquer lugar, “menos em bar, que eu não gosto”.
– Não bebe mais, Marimba?
– Nem mais, nem menos. Só não gosto de sentar em bar.
Caminhamos em direção à Praça da Alfândega,
lentamente. No trajeto, ele pergunta:
– Essa entrevista é numerada?
– Como numerada?
– Deixa pra lá.
Sentados na Praça, insisti para saber o que era a
entrevista numerada. Meio sem jeito, Marimba respondeu:
– Numerada, assim, um, dois, três…
Velho malandro se deu conta do erro na palavra, mas
não se entregou. Esqueceu da sílaba re, para formar a palavra que queria –
remunerada –, além da troca de letras.
Velho malandro, velho mordedor. Jamais irá perder o
hábito.
Ao final da entrevista,
Marimbondo, impaciente, queria ir embora. Lembrei da remuneração e, mais
impaciente ainda, colocou as notas no bolso e saiu célere, mesmo com a
dificuldade que tinha para caminhar. Mas não se esqueceu de agradecer com um
largo sorriso nos lábios.
Arno Baum nasceu em 1945.
Quando morreu?
Acredito que como os
marimbondos, Arno Baum cumpriu por aqui o seu ciclo de vida.
(Estive na avenida Frederico
Mentz, 300, onde morava sua família. Vivem lá outras pessoas. Nas redondezas,
ninguém tem notícias da família Baum.)

Bom Dia!! Quarta, 31 de outubro de 2012

O EMBUSTE DOS CAIOVÁS

Por Janer Cristaldo – http://cristaldo.blogspot.com.br/

Lá por abril de 2000, por acaso, peguei numa bancas um número de Caros Amigos. Nela havia uma entrevista com Marcos Terena, onde ele falava com familiaridade de ecossistema, meio ambiente, filosofia da civilização indígena. Ora, isto não é discurso autóctone. São conceitos vindos da Europa e Estados Unidos. Além disso, me deixou curioso quanto à “filosofia da civilização indígena”. Que seria isso? Me lembrou uma ementa do curso de Filosofia da UFSC, História da Filosofia Catarinense.

Volto ao terena. Do jeito em que marcha a universidade brasileira, qualquer dia teremos uma cadeira, História da Filosofia das Civilizações Indígenas. Dominando esse jargão de branco, não me espantaria ver o líder indígena como professor-visitante nalguma universidade alemã ou americana.

Atribuir categorias de brancos ocidentais a indígenas tem sido o recurso de muitos vigaristas para ganhar renome e prestígio. O discurso dos líderes indígenas atuais me lembra o do Gray Owl. Um vigarista inglês – Archibald Stansfeld Belaney – refugiou-se no Canadá, assumiu uma identidade indígena e fez fama e fortuna escrevendo livros sobre questões ecológicas e indígenas, como se índio fosse. Até os acadêmicos londrinos – e a própria família real, que o recebeu com todas as pompas – caíram no conto do vigário. 

Além de vários livros, o embusteiro chegou a merecer um filme do cineasta Richard Attenborough, em 1999 (título no Brasil: O Guerreiro da Paz. Não houve um jornalista mais arguto na época que tivesse bestunto para ver, nos livros do Coruja Cinzenta, uma ótica desbragadamente européia. Ou, pelo menos, o texto de um europeu eivado de rosseauneanismo, e não o discurso que seria de se esperar de um tosco líder indígena.

Outro embuste célebre é a famosa carta do cacique Seattle, da tribo Squamish, enviada em 1854 ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Segue um excerto:

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. 

A redação escorreita da carta, no melhor estilo de um bom jornalismo, denunciou-a como uma farsa. Como os Evangelhos, a carta só foi transcrita algumas décadas depois da época em que teria sido escrita. Mais precisamente em 1187, em um artigo publicado pelo Dr. Henry Smith, no Jornal Seattle Sunday Star. Ou seja, os ecochatos não nasceram ontem. 

Nos finais do século passado, coube ao Brasil protagonizar o grande embuste da criação de uma tribo que nunca existiu, os ianomâmis, por uma fotógrafa que ora se diz romena, ora suíça, Cláudia Andujar. Mais ainda, um massacre foi encenado. No dia 19 de agosto de 1993, uma manchete invadiu as páginas de todos os jornais do país: 

IANOMÂMIS SÃO CHACINADOS EM RORAIMA 

Falou-se inicialmente em 19 mortos. Dia seguinte, eram 40. Logo depois, chegaram a 73. Os assassinos, é claro, eram os garimpeiros. No decorrer dos dias, como nenhum cadáver havia sido achado, o número de chacinados foi diminuindo. Foi fixado finalmente em 16. A única prova da chacina foi… um dente, encontrado pela Polícia Federal e exibido em grandes fotos pela imprensa, na ponta do dedo de um policial. Em verdade, não foi encontrado um só cadáver. No dia seguinte ao “massacre”, ficou clara a intenção da farsa: “O presidente Itamar Franco anunciou ontem a decisão do governo em homologar a demarcação de uma área de 4.900 hectares no sul do Pará, habitada por 600 índios caiapós, em duas aldeias. O anúncio foi feito pouco mais de 24 horas após a divulgação da chacina dos ianomâmis em Roraima”.

Na verdade, a aldeia onde teria ocorrido o massacre, Haximu, sequer ficava em Roraima, mas na Venezuela. Relato toda essa farsa em Ianoblefe – o jornalismo como ficção. O livro foi recusado por cerca de vinte editoras. “Não podemos nos indispor contra todos os jornais do país”, resumiu um editor. Mas pode ser baixado de http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/ianoblefe.html 

Publiquei um resumo do livro na Folha de São Paulo e fui processado por sete entidades ligadas aos índios, que pediam para mim cinco anos de prisão. Obviamente, não levaram.

Em agosto passado, talvez entusiasmado com os dividendos do “massacre” brasileiro, líderes indigenistas tentaram repetir a dose o na Venezuela, com mais um massacre de 80 inocentes ianomâmis por um grupo de malvados garimpeiros brasileiros. A notícia rolou mundo, desde o El País a L’Express, desde oSüddeutsche Zeitung ao New York Times. Só faltaram os cadáveres – ou pelo menos fotos dos cadáveres – dos 80 indígenas. Algo como a farsa ocorrida em 1993, na aldeia Haximu, onde teriam sido massacrados 73 índios e não se encontrou o cadáver de … nem um índio sequer.

A imprensa nacional, sempre a reboque de qualquer barriga internacional, não poderia deixar de repercutir o mais recente embuste. No 30 de agosto último, noticiou o Estadão:

80 ÍNDIOS MORREM NA FRONTEIRA DO BRASIL COM A VENEZUELA 

Organizações não-governamentais (ONGs) de defesa dos direitos dos indígenas que atuam na Venezuela denunciaram ontem, quarta-feira, 29, que mineiros mataram até 80 ianomâmis na região da fronteira venezuelana com o Brasil. As informações são da emissora britânica BBC. O ataque, de acordo com os relatos, ocorreu no mês passado, na comunidade de Irothatheri, localizada nas proximidades do território brasileiro.

Testemunhas que estiveram no local da matança afirmaram que os mineiros atearam fogo a uma casa comunal dos indígenas, pois encontraram os corpos dos ianomâmis carbonizados ao passar pela tribo. Membros da comunidade indígena têm reclamado de mineiros invadindo suas terras à busca de ouro. 

Segundo a ONG Survival International, a demora na descoberta do massacre ocorreu em virtude da remota localização da tribo atacada. A entidade afirmou que as pessoas que descobriram os corpos levaram vários dias para caminhar até a localidade mais próxima. Alguém ainda lembra deste recente massacre? Não colou. Não se fala mais dele e jornal nenhum pediu desculpas a seus leitores, por tê-los informado erradamente. 

Temos agora mais um embuste, o dos caiovás, em Mato Grosso do Sul. Não é exatamente um massacre, mas promessa de suicídio coletivo. Recentemente, um grupo de 170 índios ocupou uma área na Fazenda Cambará, que eles alegam pertencer à etnia. Mas, no início deste mês, a Justiça Federal de Naviraí, representada pelas instâncias competentes, despachou uma ordem de despejo dos caiovás, em atendimento aos fazendeiros que ocupam a área onde os indígenas acamparam.

Desde então, eles passaram a discutir o suicídio como protesto, segundo alertou Sarney Filho. “Expliquei a gravidade do assunto e das sucessivas agressões aos guarani-caiová, que os levaram a fazer do suicídio uma prática comum entre eles e que agora 170 pessoas ameaçam tirar a própria vida”, enfatizou.

Nos últimos dias, está despontando timidamente na imprensa, uma “carta-testamento”, assinada por representantes da aldeia Guarani-Kaiowá, do município de Naviraí, que acenam com o suicídio coletivo, caso seja cumprida a decisão da justiça. A carta denota um notável domínio das normas de redação, que muitos jornalistas sequer possuem.

Curiosamente, não temos uma única citação da sentença que determinou a desocupação da fazenda. Só temos as razões alegadas pelos caiovás. É uma fórmula inovadora para contestar uma sentença judicial: “olha, se vocês cumprem essa decisão, nós nos suicidamos”. Surge uma nova instância na justiça brasileira: reivindicação atendida ou suicídio.

Resta ainda uma pergunta: a decisão de suicídio coletivo foi unânime? Será que ninguém discordou? E as crianças? Serão suicidadas pelos suicidas? 

Claro que não vão se suicidar. Mas se colar, colou. Perde-se na justiça, mas se tenta ganhar no grito. Espantoso que os petistas condenados no julgamento do mensalão ainda não tenham pensado nisso. Líderes que o PT cultua até agora têm se limitado a denunciar a injustiça do STF e a afirmar sua inocência. Talvez fosse mais eficaz ameaçaram suicídio coletivo.

Diante da perspectiva desta perda irreparável para a pátria, talvez os ministros do Supremo fossem mais sensíveis a seus protestos de inocência.



A CARTA DOS CAIOVÁS 

Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. 

A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.

Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS. 

Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay

Bom Dia!! Terça, 30 de outubro de 2012

Prêmio Press
ultrapassa 385 mil indicações,
e divulga sua
4ª parcial de semifinalistas
Ao chegar a sua 4ª parcial, o Prêmio Press 2012 ultrapassa
385 mil indicações, no Voto Popular e Voto Profissional (www.revistapress.com.br), já
garantindo um recorde histórico para esta edição do maior prêmio do jornalismo
brasileiro.
Nesta 4ª parcial, houve poucas alterações entre os
semifinalistas, o que aponta para uma disputa acirrada até o dia 11 de novembro,
quando encerram essas duas primeiras fases de votação. Para Julio Ribeiro,
diretor-Geral da revista Press, os concorrentes ao Prêmio Press, além de
continuar suas campanhas pelo voto do público, devem intensificar a busca de
indicações de seus colegas para o Voto Profissional, que tem um peso maior na
hora da composição dos cinco semifinalistas, em cada categoria de
premiação.
O SICREDI confirmou nesta semana a sua participação no
Prêmio Press, passando a assinar os troféus especiais que irão destacar o
trabalho de jornalistas especializados em Economia e
Agrobusiness.
A grande festa do Prêmio Press 2012 acontecerá no dia 03 de
dezembro, no Teatro Dante Barone. A jornalista e comunicadora Tânia Carvalho
será a grande homenageada da noite, recebendo o Troféu Sistema Fiergs –
Homenagem Especial.
O Prêmio Press 2012 tem o apoio de Nestlé (Troféu
Jornalista do Ano, Sistema Fecomércio-RS (Troféu Repórter de
Jornal/Revista do Ano), CIEE-RS (Troféu Estagiário do Ano),
Sicredi (troféus Comunicação em Economia e Comunicação em Agrobusiness),
Sistema Fiergs (Troféu Homenagem Especial),  SindiRádios, Krim
Bureau, Banrisul
e Assembleia Legislativa do RS.
Relação
de pré-finalistas
ESTAGIÁRIO DE JORNALISMO DO
ANO – Troféu CIEE-RS
– Daiane Pomatti –
TVE
– Diego Mandarino – Rádio ABC 900
AM
– Laura Azevedo – TV
Com
– Rodrigo Morel – Band
AM
– Tauana Gonçalves –
SBT
REPÓRTER DE RÁDIO DO
ANO
– Cid Martins – Rádio Gaúcha
– Evelin Argenta- Rádio Gaúcha
– Lourenço Freitas – Rádio Grenal
– Rodrigo Oliveira – Rádio Guaíba
– Rafael Pfeiffer – Rádio Grenal
REPÓRTER DE TELEVISÃO DO
ANO
-Cláudio Andrade – Band TV
– Gabriela Duarte – TV Com
-Leandro Olegário – TVE
-Priscilla Casagrande – TV Record
-Simone Feltes – TVE
REPÓRTER DE JORNAL/REVISTA
DO ANO – Troféu Sistema Fecomércio
Christiane
Matos
 – Diário Gaúcho
– Fábio Iasnogrodski – Jornal do
Comércio
– Leticia Duarte – Zero Hora
– Maicon Bock – Jornal Metro
– Willian Lampert – Correio do Povo
COLUNISTA DE JORNAL/REVISTA
DO ANO
Troféu Fernando
Albrecht
– Adão Oliveira – Jornal do Comércio
– David Coimbra – Zero Hora
– Flávio Pereira – O Sul
Rosane Oliveira – Zero Hora
– Wianey Carlet – Zero Hora
COMENTARISTA DE TELEVISÃO
DO ANO
– Cláudio Brito – TV Com
– João Garcia – Band TV
– Lasier Martins – RBS TV
– Luiz Carlos Reche – TV Record
– Maurício Saraiva – TV Com
COMENTARISTA DE RÁDIO DO
ANO – Troféu Ruy Carlos Ostermann
– Adroaldo Guerra Filho – Rádio
Gaúcha
– Carlos Guimarães – Band AM
– Farid Germano Filho – Rádio Grenal
– Lauro Quadros – Rádio Gaúcha
Nando Gross – Rádio Gaúcha
APRESENTADOR DE TELEVISÃO
DO ANO
– Alice Bastos Neves – RBS
TV
– Carla Fachin – RBS
TV
– Lucia Mattos – Band
TV
– Maria Helena Ruduit –
TVE
– Paulo Bogado – Band
TV
APRESENTADOR DE RÁDIO DO
ANO
– André Machado – Rádio
Gaúcha
– Fabiano Baldasso – Band
AM
– Milton Cardoso – Band
AM
– Rodrigo Giacomet – Rádio ABC
900 AM
– Thiago Suman – Rádio
Grenal
JORNALISTA DE WEB DO
ANO
– Eduardo Pires – onze-futebol.blogspot.com.br
– Eduardo Souza – radiowebrs.com.br
– Filipe Duarte –
www.alupanogramado.blogspot.com
– Previdi – www.previdi.com.br
– Ricardo Orlandini – www.ricardoorlandini.net
REPÓRTER FOTOGRÁFICO DO
ANO
– Diego Vara – Zero Hora
– Gabriela di Bella – Jornal
Metro
– João Mattos – Jornal do
Comércio
– Lucas Uebel – O
Sul
– Wilson Genes dos Santos Cardoso –
Brigada Militar
LOCUTOR/APRESENTADOR DE
NOTÍCIAS
Troféu Milton
Jung
– Marcela Panke – Rádio
Guaíba
– Matheus Schuch – Band
News
Rafael Colling – Rádio Gaúcha
– Sergio Stock – Band TV
– Vinicius Carvalho – TVE
JORNALISTA DESTAQUE DO
INTERIOR
– Acácio Silva – Rádio Uirapuru/Passo
Fundo
– Anelise Nicodi – RBS TV/Cruz
Alta
– Juliana Bevilaqua – Folha de
Caxias
– Lucas Cidade – Rádio Planalto/Passo
Fundo
– Martin Behrend – Rádio ABC /Novo
Hamburgo
MELHOR PROGRAMA DE RÁDIO DO
ANO
– ABC Trânsito – Rádio ABC
AM
– Band Repórter – Band AM
– Boteco – Rádio
Grenal
– Cantos do Sul da Terra – FM
Cultura
– Gaúcha Atualidade – Rádio
Gaúcha
MELHOR PROGRAMA DE
TELEVISÃO DO ANO
– Bate-Bola – TV
Com
– Brasil Urgente – Band
TV
– Jornal da TVE –
TVE
– SBT Rio Grande –
SBT
– Tele Domingo – RBS
TV
JORNALISTA DO ANO (Grand
Prix) –
Troféu
Nestlé
– André Machado – Rádio
Gaúcha
– Fabiano Baldasso – Band
AM
– Milton Cardoso – Band
AM
– Roberto Brenol Andrade – Jornal do
Comércio
– Tulio Milman – RBS