Melhor que ser cego!
Marko Petek, direto da Suiça
Tenho um amigo, um pilantra, mas bom papo. Ele tem uma tirada que gosto muito. Quando começamos a divergir sobre algum assunto ele diz assim:”Petek, eu prefiro ouvir isto do que ser surdo”.
Fazendo minhas as palavras dele digo: “é melhor ler isto que ser cego”. O bestiológico que emergiu de algumas cabeças (algumas bem grandes) da intelectualidade gaúcha nos últimos dias chega a dar dó. Me fazem lembrar do imortal Barão de Itararé.
Me chamou atenção a quase unanimidade dos comentários sobre os “interesses ocultos” dos cientistas em atenderem os desejos de seus patrocinadores. Eu gostaria muito mesmo de saber onde estão estes patrocinadores. Estou precisando com urgência de um bem caridoso, pois sofri um corte de salário maior que 50% este ano devido a falta de grana do laboratório onde trabalho. E não trata-se de qualquer laboratório, mas de um dos 10 melhores do mundo! Se eu fosse um patrocinador interessado, naturalmente iria investir aqui onde qualquer descoberta reverbera. Mas já que não estão investindo parece que a suposta “influência” dos patrocinadores não está muito presente não. Ou talvez eu seja uma pessoa obtusa, um Professor Pardal catador de traças em livros. Ahaha.
Eu sou diferente sim, porque escolhi ser inteligente. Esta é simplesmente uma escolha. Tem quem prefira viver como Avestruz, a cabeça enterrada na areia ignorando a realidade ao redor. Também é uma escolha, como todas respeitável. Via de regra brasileiro tem orgulho em ser burro. Fazer o que em um país cujo último presidente nunca leu um livro. As pessoas se espelham em seus líderes.
Outro fato: ciência paga mal. Em todo o mundo. Quem não acredita que venha ver o estado dos carros em nosso estacionamento. Eu aliás nem carro tenho!
No entanto eu compreendo a paranóia dos ditos jornalistas. Eles querem sim vender o conceito de imprensa “isenta”, mas são títeres dos patrocinadores sem os quais o patrão deles (ou eles próprios) não vive. A ponto de tecerem enormes elogios para o Banco que pior trata seus clientes em todo o país, só porque este banco comparece religiosamente em todos os blogs políticos gaúchos. Eu por exempo enquanto morava aí fazia o impossível para pagar em dia as contas da Net. Porque em caso de atraso eu era obrigado a enfrentar uma fila de 2 horas nos caixas do dito Banco. Eu fora!
No entanto a lógica mercantilista não está errada, está apenas mal-direcionada. Em vez de apontá-la contra os cientistas que buscam a verdade, deveriam era apontá-la na direção dos países produtores de petróleo. Estes são os verdadeiros interessados em proclamar aos sete ventos que aquecimento global é bobagem. Estes são os feitores que mantém toda a humanidade refém do vício de beber petróleo. Petróleo que não é infinito não. É finito. E quem duvida disto poderia pelo menos perceber que o preço era de US$ 10,00 o barril em 1986 e hoje é de USR 110,00!!! Por que? Oferta e procura: a procura aumenta e a oferta não acompanha. E porque a oferta não acompanha: para o preço subir. E as pessoas de-lhe a comprar carro, de-lhe a entupir ditadores com dinheiro fácil, ajudando-os a permanecer no poder e tornando-nos todos seus reféns.
Mas tá bom assim né? Tá ótimo. Maravilha.
Alguém perguntou se eu lia jornais. Como dizia Paulo Francis, eu leio até papel de bala. Mas isto não vem ao caso. Não basta ler. É preciso também entender. E conheço muita gente boa por aí com dificuldades neste aspecto.
Finalmente quero dizer que não aturo gente chata. Ecochatos são dos piores chatos que existem. A PETA (que condena os casacos de pele) é um porre de tão chata. Casaco de pele é algo natural cazzos!!! Casado de Nylon polui, casaco de pele é sustentável. Mas isto nem é o caso, o caso é que são chatos. Muito chatos. Chatérrimos.
Não estou dizendo que os oceanos vão inundar Porto Alegre em 10 anos. Lógico que não! Bom seria se inundassem a Praça dos Três Poderes em Brasília, mas acho um sonho difícil de ser realizado.
Não precisamos de catástrofes hollywoodianas. As verdadeiras catástrofes do aquecimento global são a seca, quebra de safras, câncer de pele, enfim não uma mega-catástrofe, mas centenas de pequenas, por vezes imperceptíveis, que vão minando mais e mais nosso planeta.
Ainda dá tempo de mudar. Felizmente os jovens hoje tem consciência disto. Os velhos como eu estão indo para a caçapa, com suas idéias velhas. Mas os jovens vem aí com uma visão sistêmica do todo que lhes permite entender o que é tão simples para eles, mas tão dificil para outros.
