UM BOM ASSUNTO, NÉ DAVID?
O PRESIDIO CENTRAL DE PORTO ALEGRE!!
Um bom número de amigos/leitores me mandou o link do artigo do David Coimbra, na Zero Hora de sexta, sobre o Presídio Central de Porto Alegre.
Confesso que li apenas neste sábado, depois de conferir, por cima, a resposta do nosso governador Tarso Fernando, que também me mandaram, e que saiu no RS Urgente – http://rsurgente.opsblog.org/.
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Gosto muito do David Coimbra. É um excelente jornalista e uma pessoa exemplar. Conheço-o, sei lá, há 30 anos. É aquele cara que ninguém fala mal, tipo “é um malca”, “é metido”. Nada disso. Repito: é um sujeito sensacional.
Gostava mais dos seus escitos do final do século passado e início deste. Quando fazia aquelas crônicas imensas – e maravilhosas – sobre zagueiros e centroavantes. Ou quando contava coisas da sua infância no IAPI. Neste verão, mesmo, li uma história dele sobre uma queimada que tomou na praia. Perfeita.
Um David, até certo ponto, maldito. E maravilhoso.
Aí o David virou o queridinho da RBS. Por consequência, bom pra ele, ficou famoso e, graças ao seu trabalho, está vendendo bem os seus livros. Além de queridinho da RBS tornou-seo queridinho do RS. Legal!!
Sei lá se ficar famoso – espaços generosos no jornal, TV e rádios – fez bem para o bom David.
Já tinha esta dúvida há um bom tempo e, com este artigo publicado na sexta, se consolidou esta minha certeza.
Ele está com responsabilidades que não combinam com ele!!
O texto sobre o Presídio Central é muito bem construído. Tem trechos brilhantes, como o do protesto dos estudantes, a defesa dos bicicleteiros, etc.
Mas quando ele escreve “sério”, típico dos “formadores de opinião” da RBS, se dá mal. Cobrar vergonha do governador??
David, meu querido, em moro em Porto Alegre desde 1966 e desde esta época o Presídio Central é um inferno. Jamais os governantes deram bola para a situação dos presos e muito menos o porto-alegrense. Sempre consideraram um depósito de bandidos, apenas.
Não vou repetir aqui o que todo mundo sabe.
Só te lembro, David, que no verão de 2011 o Diário Gaúcho, da RBS, deu uma manchete de capa e uma bela matéria sobre o ÚNICO médico que ficou anos a fio atendendo aos detentos. Trata-se do médico Clodoaldo Ortega Pinilla. Posso te dar o telefone dele, vale um papo com o Bolo – é assim que todos o conhecem, inclusive os bandidos mais perigosos do Presídio.
Não vai atrás de bundinhas que não sabem nada daquele inferno. O Bolo vai todo o dia lá, há décadas.
Justiça seja feita: no Governo da dona Yeda foram contratados mais profissionais da área da saúde. Pelo menos isso.
Olha, estou com saudade dos teus textos sobre zagueiros e centroavantes.
Abraço, David, tu continuas sendo um dos meus ídolos.
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Abaixo as 3 perguntas enviadas pelo Marco Weissheimer, do http://rsurgente.opsblog.org/, ao governador Tarso Fernando.
Pô, David, tu pediu uma chinelada do TF!!
Leiam:
Governador, qual a reação do senhor ao ver o estado atual do Presídio Central?
Acho que todos os gaúchos estão envergonhados com a situação do Presídio Central. Mas eu, particularmente, sinto-me, além de envergonhado, contente por estar orientando o governo, desde o início da gestão, para incidir fortemente sobre aquela vergonha nacional. Comecei este trabalho na época em que era ministro da Justiça, quando passei vultosos recursos para a reforma do presídio Anibal Bruno, de Pernambuco, que era tão vergonhoso como o Presídio Central. Não consegui mandar recursos para o Rio Grande do Sul porque, naquela época, as autoridades locais não preencheram os requisitos necessários para receber o dinheiro, por razões técnicas ou políticas que desconheço.
Na edição de Zero Hora desta sexta-feira, o colunista David Coimbra pergunta se o senhor “não tem vergonha” da situação. Qual a sua resposta a essa indagação?
Convido o jornalista que escreveu o isento artigo a ter vergonha comigo. Mais vergonha, talvez, porque, afinal, os dois governos que nos precederam foram eleitos com o apoio ostensivo das editorias da rede de comunicação onde ele trabalha. Os últimos oito anos de total descaso com o Presídio Central é que resultaram esta situação dramática que, paulatinamente, vamos corrigir. Ou alguém pensa que drama do presídio é resultado dos últimos 15 meses? Portanto, em oito anos de governos que foram eleitos com o ostensivo apoio dos “formadores de opinião” do jornal ao qual o referido jornalista presta o seu serviço, pouco ou nada foi feito em relação ao Presídio Central.
É bom a gente socializar a vergonha, senão parece que a imprensa é uma estrutura de poder “neutra”, composta só por pessoas puras e dotadas de incrível senso de responsabilidade pública, que não tem nenhuma responsabilidade com o que ocorre na esfera da política e nas decisões de Estado. Eu gostei do artigo. Achei muito bom o texto. Mas como represento uma instituição -o Executivo Estadual- e um projeto político -da Unidade Popular Pelo Rio Grande- convido-o a refletir sobre a herança que recebemos, cuja construção não teve o nosso apoio nem a nossa cumplicidade política, para que todos nos envergonhemos. E para que passemos a trabalhar juntos para construir um novo Rio Grande.
Na sua avaliação, a privatização é uma solução para o problema dos presídios?
Não vamos diminuir ou abdicar das nossas funções, como ocorrido em gestões anteriores. Esta é uma questão constitucional: a custódia dos detentos é responsabilidade do Estado. Qualquer empresa que entra em um negócio visa o lucro e o sistema prisional não serve para isso. Quero deixar claro que não somos contrários às PPPs. Pelo contrário, estamos encaminhando algumas. Mas elas não podem ser feitas no sistema prisional.
Em um passado recente, era de bom tom neoliberal reduzir as funções públicas do Estado, fazer promoções para demissões voluntárias, como ocorreu no governo Britto (referência para alguns como “modelo de gestão”), aplicar brutais arrochos salariais em todos os servidores, principalmente da Susepe, policiais civis e militares, terceirizar serviços e dar isenções fiscais concentradas exclusivamente em grandes empresas, deixando a base produtiva histórica do estado a ver navios. E mais, ainda restam 50 mil ações da Lei Britto para pagar, presente herdado por todos os governos que sucederam o governador Britto, ponto culminante da arrogância neoliberal no nosso estado.